Ataque de Israel no Líbano deixa 100 mortos e 400 feridos, dizem autoridades locais

O número de vítimas dos mais amplos bombardeios do Exército israelense em mais de 11 meses no país vizinho aumentou ao longo do dia

O Líbano viveu nesta segunda-feira (23) seu dia mais mortal desde o início dos confrontos com Israel, há quase um ano, após Tel Aviv atingir centenas de alvos que seriam bases do Hezbollah.

O número de vítimas dos mais amplos bombardeios do Exército israelense em mais de 11 meses no país vizinho aumentou ao longo do dia. De acordo com o Ministério da Saúde libanês, os ataques mataram pelo menos 182 pessoas e feriram 727, incluindo mulheres, crianças e médicos.

A ofensiva dá continuidade a uma semana de tensão entre Tel Aviv e o grupo extremista, que trocam agressões desde outubro do ano passado, quando começou a guerra na Faixa de Gaza.

“Estamos aprofundando nossos ataques no Líbano. As ações continuarão até alcançarmos nosso objetivo de devolver os residentes do norte com segurança para suas casas”, disse o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, em um vídeo publicado por seu gabinete.

Os confrontos, que nos últimos meses se concentraram na fronteira entre os dois países, deixaram dezenas de milhares de deslocados e centenas de mortos na região, a maioria na parte libanesa. Em julho e, novamente, na semana passada, porém, o conflito chegou a Beirute.

Na sexta (20), os mais intensos bombardeios de Israel contra o Líbano até então atingiram um prédio residencial nos subúrbios da capital, onde estava Ibrahim Aqil, membro de alto escalão do Hezbollah, segundo Tel Aviv. Ao menos 45 pessoas morreram no ataque, de acordo com o Ministério da Saúde do Líbano.

Dias antes, explosões quase simultâneas de milhares de pagers e walkie-talkies do grupo extremista deixaram mais de 40 mortos no Líbano, incluindo ao menos duas crianças. Na ocasião, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah afirmou que aquilo era um “estado de guerra”. “Eles ultrapassaram todas as linhas vermelhas”, disse. Os ataques foram atribuídos a Israel, que não se manifestou.

Agora, os bombardeios ocorreram no sul do Líbano, no Vale do Beqaa, no leste do país, e na região norte, perto da Síria. Segundo o porta-voz do Exército israelense Avichay Adraee, mais de 300 alvos do Hezbollah foram atingidos.

Após os ataques, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, pediu ajuda à ONU e à comunidade internacional em um comunicado. “A agressão persistente de Israel contra o Líbano é uma guerra de extermínio em todos os aspectos, um plano de destruição que busca pulverizar os povos e cidades libanesas”, afirmou.

Na madrugada desta segunda, residentes do sul do Líbano receberam ligações de um número libanês ordenando-os a esvaziarem as proximidades de postos usados pelo Hezbollah, disse um repórter da agência de notícias Reuters que recebeu a ligação.

As chamadas foram recebidas até na capital libanesa -o ministro da informação do Líbano, Ziad Makary, disse que sua pasta recebeu uma ligação ordenando o esvaziamento do prédio, mas afirmou que não seguiria a orientação. “Isso é uma guerra psicológica”, disse Makary à Reuters.

No Líbano, a possibilidade de um conflito maior com o país vizinho preocupa a população. No distrito de Sassine, no leste de Beirute, o funcionário público Joseph Ghafary disse temer que o Hezbollah respondesse aos ataques de Israel e que uma guerra total eclodisse. “Se o Hezbollah realizar uma grande operação, Israel vai responder e destruir mais ainda. Não podemos suportar”, disse ele.

Nesta segunda, o grupo extremista disse ter lançado foguetes contra alvos no norte de Israel como resposta aos ataques. Segundo o serviço de resgate do país, uma pessoa ficou levemente ferida por estilhaços.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, disse neste domingo (22) que seu país atingiu o grupo armado libanês Hezbollah “de formas que eles não poderiam imaginar”. “Se eles ainda não entenderam o recado, eu prometo, eles vão entender”, afirmou o premiê.

No mesmo dia, o vice-secretário geral do Hezbollah, Naim Qassem, havia dito que o grupo entrou em uma nova etapa do conflito com Israel, que agora se trata de “uma batalha imprevisível de acerto de contas”.

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