Alta de internações nos EUA prenuncia tempestade de ômicron no sudeste do país
O volume de hospitalizações, que sobrecarrega um sistema de saúde já saturado, cresceu 27%
A predominância da variante ômicron do coronavírus, mais contagiosa, levou à alta no número de hospitalizações nos Estados Unidos. Mais de 103 mil pessoas estão hospitalizadas com Covid no país, de acordo com números divulgados nesta terça-feira (4). A cifra é a maior registrada desde o mês de setembro do último ano.
O volume de hospitalizações, que sobrecarrega um sistema de saúde já saturado, cresceu 27% em relação à última semana, segundo cálculos do jornal The Washington Post com base em dados do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA. Cerca de 19 mil pessoas estão em leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) devido à Covid.
O aumento das internações vem na esteira do crescimento do número de casos confirmados diariamente, que bate recordes consecutivos desde o feriado de Natal. A média móvel de novos casos diários alcançou 487 mil nesta segunda (3), ainda de acordo com cálculos do Washington Post, de modo que o volume de novos casos registrados nos últimos sete dias cresceu 110%.
A situação é crítica, em especial, na região sudeste dos EUA, com especialistas prevendo uma tempestade de infecções. Na Carolina do Norte, por exemplo, o número de novos casos diários registrados saltou 579% na última semana. Já na Carolina do Sul, o aumento foi de 268%. Demais estados do sudeste seguem a tendência e estão entre os que mais apresentaram aumento de novos casos em todo o país.
Enquanto, em média, um em cada quatro americanos que realizam um teste para Covid recebem resultado positivos no país, estados da região possuem taxas ainda maiores de positividade. Na Virgínia, 40% dos testes feitos têm resultados positivos para a doença, por exemplo. No Mississipi, por sua vez, são 37%.
A prenunciada tempestade de novos casos locais se deve, em parte, às baixas taxas de vacinação na região. Oito estados do sudeste têm somente metade da população com esquema vacinal completo contra a Covid e, por consequência, é baixo o número de pessoas com a terceira dose do imunizante. A nível nacional, 62% dos americanos já tomaram as duas doses ou a dose única da vacina.
Por razões semelhantes, toda a região sul do país, que segue com as piores taxas de vacinação, preocupa as autoridades de saúde, que não sabem se os hospitais locais serão capazes de receber todos os novos casos impulsionados pela variante ômicron.
“Teremos muito mais pessoas doentes porque elas não têm imunidade”, disse o diretor médico da associação de autoridades de saúde dos estados da região, Marcus Plescia. “No entanto, como o sul já teve outros surtos grandes, pode ser que as pessoas tenham alguma imunidade natural, e esse pode ser o único fator que nos salve.”
O presidente americano, Joe Biden, que recentemente anunciou um novo plano que envolve a produção e distribuição gratuita de 500 milhões de testes de Covid, bem como a disponibilização de 1.000 profissionais de saúde para ajudar os hospitais, tem reforçado os pedidos para que a população se vacine.
“É de graça. É conveniente. Isso salva vidas. E é o seu dever patriótico”, escreveu o democrata em uma mensagem no Twitter nesta segunda.