Stefani e Pigossi contam que não paravam de pular ao descobrir que disputariam Olimpíadas

Em dois dias, elas teriam de arrumar as malas, pegar as raquetes e correr para o Japão

No dia 16 de julho, uma semana antes da abertura oficial das Olimpíadas de Tóquio, a tenista brasileira Laura Pigossi, 26, então disputando um torneio no Cazaquistão, queria falar desesperadamente com a amiga, e também tenista, Luisa Stefani, 23, que estava nos Estados Unidos.

“Ela (Stefani) dormindo e eu ansiosamente esperando ela acordar para dar a notícia”, conta Pigossi. A notícia? Simplesmente que as duas representariam o Brasil na competição de duplas de tênis nos Jogos Olímpicos prestes a começar. E mais: já estavam inscritas pela Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

Em dois dias, elas teriam de arrumar as malas, pegar as raquetes e correr para o Japão. O resto a história se encarregou de registrar: as duas chegaram por último para conquistar o bronze, a primeira medalha olímpica do tênis brasileiro.

Stefani e Pigossi levaram a medalha neste sábado (31/7) ao baterem as russas Veronika Kudermetova e Elena Vesnina, por 2 sets a 1, com uma virada espetacular.

Após a medalha garantida, chegaram à tradicional entrevista coletiva de medalhistas atônitas, admitindo que a ficha ainda não havia caído.
A Folha então pediu para a dupla medalhista contar como foi descobrir que participaria das Olimpíadas.
Stefani diz que, quando (enfim) acordou naquele dia de 16 de julho, recebeu logo a ligação de Eduardo Frick, gerente da CBT, com a informação de que elas entraram nos Jogos de última hora.

“Eu acordei, estava relaxando. O Frick me liga, eu digo ‘e ai Frick, tudo bem?’ E ele diz: ‘você viu minha mensagem?’ ‘Não’ [resposta dela a ele]. Começo a ver o celular, 500 ligações. Vocês entraram em Tóquio [ele disse]”, contou a brasileira.

“Aí fiquei muito louca, liguei para a Laura, a gente pulou, foi de sono para acordar, não entendi nada”, disse a medalhista de bronze.

“A felicidade foi indescritível, minha cabeça não parava. Foram dois dias até chegar aqui. Depois de receber a ligação, não consegui dormir, a gente ficava pulando, gritando no telefone”, continua a brasileira.

Do seu lado, sorrindo sem parar, Pigossi conta sua versão da história: “Quando a gente recebeu ligação de que tínhamos entrado, ficamos histéricas, falei para ela que as últimas seriam as primeiras”.

Pela regra, a chave olímpica reúne 31 duplas definidas com base nas primeiras colocações no ranking, além de outra representante do país-sede.

Stefani e Pigossi são, respectivamente, primeira e segunda mais bem colocadas no ranking de duplas do Brasil, mas não atuam juntas no circuito internacional, embora sejam amigas de infância. Stefani mora nos Estados Unidos, e Pigossi, em Barcelona.

No circuito, Stefani faz dupla com a norte-americana Hayley Carter. Ambas conquistaram o Aberto de Lexington, no Kentucky (EUA), e o WTA de Tashkent (Uzbequistão), em 2019.

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