Simone Biles diz que devia ter desistido das Olimpíadas muito antes
Ginasta norte-americana terminou com um bronze apenas
Simone Biles entrou nas Olimpíadas de Tóquio como franca favorita ao ouro em várias provas. Terminou com um bronze apenas, mas como grande nome do debate sobre saúde mental no esporte.
Ela abriu mão de quase todas as disputas em que estava, por não estar bem psicologicamente. Agora, em entrevista à revista New York, ela falou sobre a decisão e também sobre como lida com o fato de ter sido vítima de abuso sexual do ex-médico da seleção dos Estados Unidos, Larry Nassar.
“Se você olhar para tudo que eu passei nos últimos sete anos, eu nunca deveria ter feito parte de outro time olímpico. Eu deveria ter desistido muito antes de Tóquio, quando Larry Nassar estava na mídia por dois anos”, afirmou.
Simone foi uma das muitas ginastas que denunciou os abusos cometidos por Nassar na seleção. O ex-médico foi condenado duas vezes e sua pena máxima somada já chega a 300 anos de prisão.
“Mas eu não ia deixá-lo tirar de mim algo pelo qual eu trabalhei desde os meus seis anos de idade. Eu não iria deixá-lo tirar de mim toda aquela alegria. Então, eu empurrei o passado para trás o máximo que minha mente e meu corpo deixaram”, continuou Biles sobre o caso.
A ginasta chegou a iniciar as provas em Tóquio-2020. Porém, ainda nas eliminatórias, quase caiu em em um salto no cavalo. Depois, foi explicado que ela sofreu o que se chama de “twisties”, um bloqueio mental que atrapalha sua orientação. Por isso, ela perdia o controle no ar -e o risco de lesão nesse caso, é alto.
Ainda à New York, ela afirmou que suas crises de ansiedade começaram a se agravar quando ela chegou ao Japão. Disse que pesaram para seu desgaste mental o racismo no esporte e na sociedade e a pandemia. Além, claro, do caso Nassar.
Após sair da disputa ainda nas eliminatórias da ginástica, no primeiro dia de provas, Simone Biles voltou para uma última disputa.
Encerrou sua passagem olímpica em Tóquio com a medalha de bronze na barra, mas ficará lembrada por ter trazido à tona o debate sobre a saúde mental dos atletas, tema que por muitos anos foi (e por vezes ainda é) tratado como tabu no esporte.