Pai de Pedro Barros fez churrasco comunitário na Nicarágua para ver prata do filho
Surfista André Barros abriu o portão de sua casa, em Miramar, colocou a televisão em uma área externa e, à beira da praia, fez um churrasco
Para ver seu filho, o catarinense Pedro Barros, 26, competir na final da modalidade skate park nos Jogos Olímpicos, o surfista André Barros abriu o portão de sua casa, em Miramar (Nicarágua), colocou a televisão em uma área externa e, à beira da praia, fez um churrasco.
Quem passasse estava convidado a entrar para ver o desempenho que levou Pedro a se consagrar medalhista de prata olímpico, na madrugada desta quinta-feira (5/8), em Tóquio.
“Foi muito legal, moro em um vilarejo muito pequeno, uma comunidade carente, abri minha casa para o pessoal poder ficar assistindo o campeonato. Pessoas que nunca tiveram acesso a nada relacionado ao skate vieram à casa do pai de um medalhista”, diz André. “Foi muita festa, muita choradeira.”
Com a vitória do skatista, o Brasil chegou a sua 19ª medalha nesta edição dos Jogos Olímpicos, mesmo número de pódios conquistados nas Olimpíadas do Rio em 2016.
A diferença é que, nestes Jogos, o skate, modalidade estreante, se tornou protagonista do esporte brasileiro, colocando no pódio também Kelvin Hoefler e Rayssa Leal (todos com a prata).
Nesta quinta, além de Pedro Barros, o país ainda colocou outros dois competidores na decisão do skate park, mas Luiz Francisco e Pedro Quintas não alcançaram o pódio.
Em entrevista antes da decisão, André havia expressado a angústia de não poder estar ao lado do filho em Tóquio, por causa das medidas preventivas contra a pandemia da Covid-19, como as restrições a acompanhantes dos atletas da delegação. Desta vez, porém, o sentimento era de alívio.
“Missão cumprida. Ele estava em êxtase, saiu um caminhão das costas dele, ele sentia esse peso”, disse o pai, sobre a conversa que teve com o filho por telefone logo após o skatista ter recebido os 86.14 pontos que o colocariam no pódio, atrás apenas do australiano Keegan Palmer, que registrou 95.83 pontos.
“Agora ele está livre, pode se aposentar do esporte, já conquistou tudo o que podia”, prosseguiu o pai.
Pedro tem seis medalhas de ouro nos X Games, além de três pratas e um bronze. Também foi sete vezes campeão mundial na categoria skate park, em competição organizada pela World Skate e reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional.
André afirmou ainda que ele e o filho sempre tiveram, como missão, “transmitir paz, amor, expandir para o mundo esse sentimento”. Para ele, a distância geográfica com o filho, neste momento, “foi dolorida”. “Mas senti muito a companhia dele, e ele sentiu minha presença também.”
André Barros conta que, antes de Pedro viajar para Tóquio, em uma quarentena que cumpriu na Califórnia, os dois se encontraram. Foi a despedida antes da medalha de prata no Japão.
“Fui visitar ele, mostrar segurança e dizer que a carreira dele já era brilhante. Que ele fosse para Tóquio para fazer o que o skate sempre representou para ele: se divertir.”
Matéria escrita por Gustavo Fioratti