Lutadores vão de quimono a velório de Leandro Lo para homenagear campeão
O atleta foi baleado após um desentendimento em um show
A lutadora de jiu-jítsu Marcela Lima, 22, vestiu seu quimono azul na manhã desta segunda-feira (8). Mas, diferentemente do que faz normalmente, não iria enfrentar nenhum adversário de luta, mas homenagear um ídolo.
Lima era uma dos inúmeros lutadores que foram uniformizados ao velório do campeão mundial Leandro Lo, 33, morto no domingo (7) com um tiro na cabeça. O corpo está sendo velado no Cemitério do Morumby, em São Paulo, onde será enterrado às 16h desta segunda.
“Ele era uma referência do esporte”, contou a jovem, que disse ter visto o ídolo em combate várias vezes.
O atleta foi baleado após um desentendimento em um show. O tenente da Polícia Militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, 30, que se entregou no início da noite deste domingo após a Justiça decretar sua prisão temporária por 30 dias.
Segundo o advogado da família do lutador, Velozo teria provocado o atleta e acabou sendo imobilizado por Lo. O homem teria, então, sacado uma arma e disparado na cabeça do lutador.
Os lutadores presentes no velório atenderam a um pedido da mãe do campeão mundial, Fátima Lo, para que fossem ao velório e ao enterro com quimonos.
“É uma homenagem que estamos fazendo a ele”, afirmou o lutador Fernando Lopes, 48, que disse ter conhecido Lo no início da carreira do atleta, quando ainda era adolescente
“Ele era adversário de um aluno meu e já era diferente”, afirmou Lopes, que organiza um evento de lutas, o BJJ Stars, do qual Lo também era campeão.
A reportagem viu dezenas de pessoas com quimonos brancos, azuis ou pretos chegarem para o velório, entre eles o chef de cozinha Alex Atala, que se diz fanático pelo esporte. Ele não falou com jornalistas.
A cerimônia é restrita a parentes, amigos e colegas de luta. “Ele não escolhia quem enfrentar”, afirmou Lopes.
Amigo de Leandro Lo, William Carmona levava a vestimenta embaixo dos braços ao chegar. Ele disse ter ficado sabendo do crime em um grupo de WhatsApp de lutadores de jiu-jítsu, por volta das 3h de domingo.
“Foi uma notícia difícil”, afirmou, lembrando que Lo era conhecido no meio como “campeão do povo”, por ter sido revelado para o esporte em um projeto social na região do Ipiranga, zona sul, quando tinha 14 anos.
Por Fábio Pescarini