Luizinho contesta nota no skate, mas lamenta mais os deslocamentos do ombro
Quando encerrou sua última volta na final, skatista chutou o capacete para o alto e celebrou, feliz com o que havia apresentado
Quando encerrou sua última volta na final da disputa do park nas Olimpíadas de Tóquio, nesta quinta-feira (5/8), o skatista Luiz Francisco chutou o capacete para o alto e celebrou, feliz com o que havia apresentado. Restava saber a nota.
Os 83.14 anunciados na sequência não foram suficientes para colocá-lo entre os três primeiros colocados no pódio, junto com o compatriota Pedro Barros, medalhista de prata, e o australiano Keegan Palmer, campeão olímpico. O americano Cory Juneau, com 84.13, manteve o bronze.
Luizinho ficou sem entender o julgamento. Não quis comparar sua volta com a de Juneau, pois na sua opinião seria muito subjetivo, mas não vê razão para ela ser inferior à avaliação de sua própria apresentação na etapa classificatória, quando terminou na liderança.
“Minha última volta foi igual à da eliminatória. Até melhor, porque dei um 540º no fundo. Consegui colocar mais uma manobra e foi com uma pontuação menor. Não entendi, porém a opinião foi deles e temos que respeitar”, afirmou o skatista.
De acordo com o brasileiro, a expectativa entre os próprios skatistas era de que ele conseguiria chegar ao pódio. “Eu posso até ver o vídeo depois e mudar de opinião, mas momentaneamente a primeira impressão que tive é que seria maior [a nota].”
O atleta de 21 anos, natural de Lorena (SP), disse que apesar da discordância não ficou frustrado e que gostou muito de ter feito parte da estreia do skate nos Jogos. Pôde inclusive encontrar o astro esloveno Luka Doncic, da NBA, na Vila Olímpica.
“A principal missão conseguimos fazer, que era mostrar para as pessoas o quanto a gente ama skate e o quanto isso não é só uma rivalidade, só uma medalha”, afirmou, adotando discurso que tem sido a tônica dos skatistas em Tóquio.
Luizinho não tem dúvidas de que deseja estar em Paris-2024 para uma nova chance, mas a prioridade agora é solucionar problemas físicos.
“Estou realmente mal. Uma hora opera isso, outra hora opera aquilo. Continuei me machucando nesta semana. Desloquei meu ombro três vezes, andei todo amarrado e foi uma superação ter chegado à final. Cheguei aqui como um dos favoritos, porém minha condição física não me deixou buscar mais”, afirmou.
Por causa de uma cirurgia no ombro, ele ficou sem poder andar de skate no segundo semestre de 2020.
Com uma mistura de emoções, Luizinho ficou feliz por ter completado bem sua última volta e depois chorou com membros da comissão técnica brasileira.
“Eu nem pensei no resultado. Na hora em que eu subi [da pista], fui abraçar todos os moleques e não olhei nem pelo telão. Acho que eu deveria ter ido falar com minha mãe ali na TV, mas nem isso eu fiz”, disse, em referência às imagens de amigos e familiares que são exibidas para os competidores.
O capacete que voou alto com seu chute foi recolhido por um funcionário da arena com o qual os brasileiros fizeram amizade. Luizinho deixou de presente para ele.
Pedro Quintas, 19, o outro brasileiro na disputa, passou para a final na terceira colocação, mas caiu nas três voltas que apresentou na etapa decisiva e terminou em oitavo.
“Claro que quero ganhar o campeonato, não quero ficar ali na mediocridade. Mas dei meu 100% e acredito que todo mundo deu seu 100%. Se você ficou em primeiro ou em último, mas se superou, se teve a gana e saiu feliz daqui, é o que importa no fim das contas”, disse. “Foi um momento muito mágico e só tenho a agradecer. Agora é chegar em 2024 com tudo.”
Matéria escrita por Daniel E. de Castro