Ginastas Rebeca e Flavia se apoiam em dia de brilho e lesão nas Olimpíadas
"A gente está passando por um momento tão difícil e um pinguinho de felicidade faz a diferença"
DANIEL E. DE CASTRO
TÓQUIO, JAPÃO (FOLHAPRESS) – A apresentação das ginastas brasileiras Rebeca Andrade e Flavia Saraiva na etapa classificatória das Olimpíadas de Tóquio, neste domingo (25), acabou com sorriso da primeira e choro da segunda. A discrepância não é um problema para as amigas, que mais uma vez se uniram diante de uma dificuldade causada por problemas físicos.
Quando se apresentava no solo, Flavia, 21, torceu o tornozelo e teve que se retirar da disputa. Pelo menos o resultado que já havia obtido na trave se mostrou suficiente para pegar a última vaga na final do aparelho.
Ela explicou que sofrera uma lesão no mesmo local há cerca de dois meses, mas se recuperou e manteve a preparação para os Jogos. “Hoje no meio da série eu senti ele ficando mole, frouxo, e a cada passada estava ficando mais mole, mas eu não queria desistir, queria ir até o final em busca de tudo o que eu podia fazer.”
Se ela forçasse para participar do salto e das barras assimétricas, em busca de uma vaga na final do individual geral, poderia comprometer a participação na decisão da trave, marcada para 3 de agosto, último dia de disputa da ginástica. Agora serão nove dias trabalhando pela recuperação.
“Já que já estou aqui nas Olimpíadas, vou tentar dar meu 100%. Fico até emocionada, porque a Rebe me falou coisas incríveis no meio da competição, e eu fico muito feliz por ter uma companheira como ela”, disse Flavia em meio a lágrimas. “Ela me disse que isso é ginástica, que já aconteceu três vezes com ela e que eu já era muito vitoriosa de chegar aqui.”
Enquanto consolava a companheira, Rebeca Andrade, 22, teve uma noite brilhante, definida pela amiga como a melhor apresentação de sua vida. Ela avançou em busca de medalhas no individual geral (segundo lugar, atrás apenas de Simone Biles), salto (terceiro) e solo (quarto) ao som de “Baile de Favela”. Uma redenção após passar por três lesões no mesmo joelho.
“Ela estava calma, linda. Eu tenho muito orgulho porque vi tudo o que ela passou, tudo o que fez para poder voltar ao ginásio. Estava falando com meu treinador ontem, e ela não ouviu, que eu nunca vi a Rebeca assim, tão calma, sabendo de tudo o que ela pode fazer. Isso me dá muito orgulho, porque me sinto fazendo parte da história dela”, disse.
Para Rebeca, várias pessoas têm méritos por sua recuperação e pela forma como vem se apresentando. “Essa Olimpíada não está sendo um sonho para mim, estou colocando como objetivo. Se fosse só um sonho, eu não estaria aqui hoje. Mas foi só um dia. Amanhã vou para o ginásio treinar, me concentrar, a gente tem que ir com calma.”
Ela também comentou o fato de ter levado o “Baile de Favela”, tema de sua série no solo, para o Japão. “Trazer a cultura do funk para o outro lado do mundo foi incrível. No Pan [realizado em junho no Rio], vi o tanto de gente que me assistia e torcia para mim. A gente está passando um momento tão difícil que um pinguinho de felicidade faz diferença. Estar feliz de estar aqui é minha grande medalha.
FINAIS DA GINÁSTICA COM BRASILEIROS
Individual geral masculino – 28.jul, 7h15 (de Brasília)
Individual geral feminino – 29.jul, 7h50 (de Brasília)
Salto feminino – 1º.ago, 5h45 (de Brasília)
Argolas – 2.ago, 5h (de Brasília)
Solo feminino – 2.ago, 5h45 (de Brasília)
Salto masculino – 2.ago, 6h54 (de Brasília)
Trave – 3.ago, 5h48 (de Brasília)