Casos de Covid crescem em Tóquio e Vila Olímpica tenta preservar tradição em meio a restrições
A previsão é que a Vila receba 11 mil atletas de 200 países e mais 7 mil pessoas entre demais membros das delegações
A Vila Olímpica, espaço tradicional de intercâmbio cultural entre as delegações de 200 países que participam dos Jogos, foi inaugurada com a anfitriã Tóquio em seu quarto estado de emergência no combate à pandemia da Covid-19.
As circunstâncias dos dois acontecimentos se cruzam no ambiente de apreensão que toma conta do Japão a poucos dias da Olimpíada, com a cerimônia de abertura no dia 23.
Nesta quarta (14) foram registrados 1.149 novos diagnósticos em Tóquio, segundo a imprensa local, sendo a primeira vez que os números superam 1.000 casos diários em dois meses. Na segunda (12), a cidade entrou em seu quarto estado de emergência por causa da pandemia.
A Vila, localizada em uma aprazível região com vista para a Baía de Tóquio, foi aberta oficialmente na última terça-feira (13) com discrição, sem alarde, destoando da histórica cerimônia de boas-vindas aos atletas que chegam para se hospedar no local e participar das competições.
A tradição de pendurar nas janelas dos quartos bandeiras dos países, pelo menos, está mantida. Símbolos nacionais de Portugal, Croácia, Brasil, entre outras nações, já decoram as fachadas do espaço de 21 prédios e 3.800 apartamentos.
A reportagem esteve no local nesta quarta-feira (14) para, assim como em edições anteriores, contar mais sobre o ambiente que simboliza, como poucos lugares do evento, o espírito de encontro de culturas dos Jogos.
No entanto, depois de passar por uma checagem de temperatura e credencial, a equipe foi barrada. Ao contrário de edições anteriores, em que a circulação na Vila, mesmo em espaços determinados, era permitida, desta vez o acesso praticamente não existe -com exceção de eventuais pré-reservas para entrevistas em uma zona internacional.
A previsão é que a Vila receba 11 mil atletas de 200 países e mais 7 mil pessoas entre demais membros das delegações.
Os visitantes do local são orientados a usar máscara o tempo inteiro e manter distância de dois metros entre cada um na hora das refeições ou comer sozinho, se possível.
Em razão da pandemia, os atletas só podem circular entre a Vila e os locais de treinamento. Devem chegar cinco dias antes da competição e deixar o local dois após seu fim.
Pessoas com acesso ao interior relatam que a integração entre delegações de países diferentes, essência desse ambiente, são quase inexistentes até agora. O movimento ainda é pequeno, e poucos atletas já entraram nas dependências olímpicas. O primeiro brasileiro a fazer isso será o cavaleiro João Victor Oliva, do hipismo adestramento, na sexta-feira (16).
O Comitê Olímpico Internacional (COI) estima que 85% dos moradores do local durante os Jogos estejam vacinados contra a Covid-19.
Os atletas hospedados na Vila Olímpica, por exemplo, são obrigados a fazer testes diariamente, assim como todos os que terão contatos com eles, incluindo voluntários, oficiais das delegações e juízes de competições.
Dados oficiais do Japão contabilizam, até agora, 822 mil casos da doença e cerca de 15 mil mortos.
O ritmo de vacinação tem acelerado no país, após um período de lentidão. Os registros atuais apontam para 31% dos moradores com a primeira dose de imunizante e 19,1% com as duas.
Na semana passada, as autoridades anunciaram o veto de público nas competições, um duro golpe na organização dos Jogos, que foram adiados de 2020 para 2021 em razão da pandemia.
As autoridades japonesas temem que a chegada de estrangeiros (atletas, demais participantes e jornalistas) para a Olimpíada seja uma porta de entrada para o agravamento da pandemia e, sobretudo, a transmissão de novas variantes do vírus, como o delta.
Tão desejada em 2013, quando anunciado que Tóquio seria a sede de 2020, a Olimpíada se transformou em vilã para os japoneses
Por: LEANDRO COLON, DANIEL E. DE CASTRO E CAMILA MATTOSO