Após Djokovic, tenista tcheca tem visto cancelado na Austrália
Renata Voracova foi informada por funcionários da ABF de que deveria deixar o país
A Força de Fronteira Australiana (ABF) cancelou o visto da tenista Renata Voracova, 38, e a deteve no mesmo hotel de imigração em que está o número um do mundo, Novak Djokovic, em Melbourne.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (7) por veículos de imprensa da Austrália e confirmada pelo governo da República Tcheca.
Voracova, que atualmente ocupa a 81ª posição do ranking de duplas da WTA (Associação do Tênis Feminino), foi informada por funcionários da ABF de que deveria deixar o país. Ela pretendia disputar o Australian Open, a partir de 17 de janeiro, e já havia inclusive jogado um torneio preparatório em Melbourne.
O governo tcheco emitiu uma nota de protesto e disse que buscaria mais informações sobre o caso, mas informou que a atleta não pretendia apelar para permanecer na Austrália, como fez Djokovic. “Renata Voracova decidiu desistir do torneio e deixar a Austrália devido às possibilidades limitadas de treinar”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores da República Tcheca em um comunicado.
A tenista teria entrado com uma isenção de vacina concedida pela Tennis Australia, organizadora do Australian Open, e pelo governo estadual de Victoria, baseada no fato de ter sido infectada com Covid-19 nos últimos seis meses.
Segundo a imprensa australiana, essa seria a mesma alegação de Djokovic. Nem os tenistas nem as autoridades locais deram detalhes sobre os episódios.
No começo da semana, a organização confirmou que recebeu 26 pedidos de isenção de vacina, entre os cerca de 3.000 participantes, incluindo jogadores, técnicos, árbitros e outros profissionais. O número de isenções aceitas não foi revelado.
A reviravolta do episódio de Djokovic levantou a questão se não haveria outros casos semelhantes entre pessoas que já haviam entrado no país. Funcionários da Força de Fronteira Australiana confirmaram nesta quinta que estavam investigando a situação de mais um atleta, possivelmente Voracova, e um árbitro que também apresentaram isenções concedidas pela Tennis Australia.
O cancelamento do visto de Voracova aumenta a pressão sobre o Australian Open e o governo de Victoria, que podem ter repassado informações incorretas aos jogadores a respeito dos requisitos para entrar no país sem estar vacinado. Além disso, aprovaram suas isenções com critérios diferentes dos utilizados pelo governo federal.
O The Age teve acesso a duas cartas das autoridades de saúde australianas encaminhadas à organização do torneio em novembro que aparentemente foram ignoradas.
Em 18 de novembro, Lisa Schofield, do Departamento de Saúde federal, escreveu ao diretor do Australian Open, Craig Tiley, que “as pessoas que já tiveram Covid-19 e não receberam uma dose da vacina não são consideradas totalmente vacinadas”. De acordo com ela, tais pessoas “não seriam aprovadas para entrada sem quarentena, independentemente de terem recebido isenções de vacinação estrangeira”.
Greg Hunt, ministro da Saúde, reforçou a mensagem a Tiley no dia 29 de novembro. “Posso confirmar que as pessoas que contraíram Covid-19 dentro de seis meses e procuram entrar na Austrália vindas do exterior, e não receberam duas doses de uma vacina aprovada no país, não são consideradas totalmente vacinadas.”
De acordo com as leis da Austrália, estados e territórios podem emitir isenções dos requisitos de vacinação para entrar em suas jurisdições. No entanto, o governo federal controla as fronteiras internacionais e pode contestar tais isenções.
O jornal Herald Sun publicou nesta sexta um comunicado enviado pela Tennis Australia aos jogadores em 7 de dezembro. Ele mostra que a entidade passou a mensagem de que a infecção por Covid-19 nos últimos seis meses seria, sim, um motivo válido para a isenção, desde que acompanhada de documentos que atestassem isso.
O governo de Victoria afirmou que a TA não o informou sobre esse desenvolvimento da história. Já a entidade não se pronunciou sobre o caso desde que Craig Tiley defendeu a isenção concedida a Djokovic na quarta-feira, quando o sérvio estava a caminho da Austrália.
O julgamento que definirá a situação do tenista número 1 do mundo está marcado para segunda-feira (10).