Super Bowl tem show histórico com rap de gigantes dos anos 1990
Performance no intervalo da partida é considerada um dos pontos altos da carreira de um artista
Em uma performance que envolveu vários cenários, inúmeros dançarinos, carros antigos e uma sequência de hits gigantes, cinco figuras lendárias do rap e do R&B se apresentam neste domingo (13/2) no centro do estádio SoFi, em Inglewood, nos Estados Unidos, no show do intervalo do Super Bowl –a final do futebol americano e também maior audiência da TV americana.
Pouco depois das 22h, na metade da partida entre os Cincinnati Bengals e os Los Angeles Rams, Dr. Dre, Snoop Dogg, Eminem, Mary J. Blige e Kendrick Lamar entregaram o que já era anunciado desde que foram escalados –uma apresentação histórica, que certamente entrará para a lista de mais simbólicas já feitas nos jogos.
A performance no intervalo da partida é considerada um dos pontos altos da carreira de um artista. São cerca de 15 minutos para justificar a escolha feita para tentar agradar a um público que ultrapassa 100 milhões de pessoas e que não necessariamente ligou a TV para vê-lo.
Dessa vez, no entanto, pouco precisava ser provado, já que o quinteto soma 44 prêmios Grammy, o mais importante da indústria fonográfica americana, e tem importância inegável para a música mundial. Isso não quer dizer, no entanto, que o grupo não tinha mais história para fazer.
Foi a primeira vez que artistas de rap e majoritariamente negros guiaram uma apresentação do intervalo inteira –uma ausência marcante em uma NFL na qual a imensa maioria dos atletas é negra. A mudança é um dos efeitos da associação da Roc Nation, gravadora do rapper Jay-Z, ao evento.
Durante a apresentação, o único cantor branco no lineup, Eminem, se ajoelhou em homenagem ao jogador Colin Kaepernick, que em 2017 liderou os protestos dos atletas da NFL contra a violência da polícia americana a pessoas negras –e que depois disso foi expulso da liga.
Além disso, por iniciativa de Dre, foi a primeira vez que o show do intervalo incluiu intérpretes de linguagem de sinais na transmissão. A responsabilidade foi de Sean Forbes e Warren “WaWa” Snipe, dois rappers surdos, que fizeram a interpretação ao vivo em alguns aplicativos.
Musicalmente, o show foi uma reunião de clássicos facilmente reconhecidos por qualquer pessoa que goste de música e tenha ouvido rádio nos anos 1990 e 2000. A primeira a ser tocada foi “The Next Episode”, canção de Dre com Snoop Dogg lançada em 2011 e uma das batidas mais reconhecíveis do rap.
Logo depois, a atração surpresa 50 Cent surgiu pendurado de ponta cabeça em “In Da Club” exatamente como fez no clipe da música de 2003; Mary J. Blige subiu no cenário com uma roupa brilhante para cantar seu maior sucesso, “Family Affair” –que tem dedo de Dr. Dre na composição– e “No More Drama”; Kendrick Lamar surgiu em meio a dançarinos que vestiam faixas que diziam “Dre Day” para entoar “M.A.A.D. City” e “Alright”, e Eminem, que foi descoberto por Dre, quebrou uma das estruturas para cantar “Lose Yourself”. Anderson Paak, vencedor de quatro estatuetas do Grammy, também participou na bateria.
Dre, que guiava toda a performance, escolheu cantar “California Love”, lançada com 2Pac em 1995 e “Still Dere” –cantada com Snopp Dogg e escrita com Jay-Z. Para a última, que encerrou o show, todos subiram ao palco montado atrás dos famosos carros que aparecem no clipe.
Desde que o evento foi criado, nos anos 1980, já tocaram no intervalo nomes como Prince, Madonna, Beyoncé e os Rolling Stones. A última performance, bem elogiada, foi a de The Weeknd, que teve a difícil missão de entreter o público trancado em casa por causa da pandemia.
Por Laura Lewer