‘Mulher impressionante’, diz Mariana Ximenes sobre viver amante de Pedro 2º
Atriz viverá a personagem Luísa, a condessa de Barral, na novela "Nos Tempos do Imperador", que estreia em agosto
De um lado, uma paixão avassaladora. De outro, a razão e a admiração pela mulher do homem por quem ela se apaixonou. Esse é o conflito que vai viver a personagem Luísa, a condessa de Barral, na novela “Nos Tempos do Imperador”, que estreia no dia 9 de agosto na faixa das 18h da Globo.
Mariana Ximenes, 40, é quem dá vida à personagem na trama, a primeira completamente inédita desde que a pandemia fez com que as gravações tivessem que ser paralisadas nos estúdios da emissora. Em bate-papo com a imprensa, a atriz falou sobre a figura que conquistou o coração de Dom Pedro 2º (Selton Mello) e de fato existiu.
“Eu não conhecia minha personagem”, confessou. “Tive o prazer de conhecer através dos olhos de Thereza [Falcão] e Alessandro [Marson] e de um livro de Mary Del Priore sobre a Barral. É uma mulher muito impressionante.”
De fato, a personagem não é conhecida do grande público brasileiro, mesmo tendo tido grande destaque na corte do imperador. Ela foi a responsável por educar as princesas Isabel (Any Maia/Giulia Gayoso) e Leopoldina (Melissa Nóbrega/Bruna Griphao).
Porém, o que menos gente sabia é que ela também era o grande amor de Pedro, mesmo ele sendo casado com a imperatriz Teresa Cristina (Leticia Sabatella). Essa relação só veio a ser escancarada no século 20, quando cartas dele para a amada foram descobertas.
“Ela vai viver um romance muito avassalador, mas, como tem uma moral forte, sofre com isso”, adianta Ximenes. “Vai haver esse conflito também por ela ter muito respeito pela figura da imperatriz. Ao mesmo tempo que tem a paixão intensa e incontrolável, tem a ética que a permeia.”
A atriz define a personagem como uma mulher “muito à frente do seu tempo”. “Ela tem traços muito bonitos de uma mulher contemporânea, que tem delicadeza, gentileza, mas sobretudo firmeza. Tem relação linda com os negros, é uma abolicionista. No engenho dela, todos os negros são livres, ela fez valer a lei do ventre livre. É muito bom poder mostrar que ela foi porta-voz desse movimento.”
É justamente nesse ponto que criadora e criatura mais se aproximam. “Ela é uma mulher de fibra, preocupada com uma sociedade mais igualitária e sem preconceitos, e eu também sou preocupada com isso”, compara Ximenes.
Além disso, ela diz que ficou muito amiga de Cinara Leal, atriz que vai interpretar uma das melhores amigas da condessa na trama. “Ela tem uma grande aliada, que é a Justina, e eu ganhei uma amiga na vida também”, revela.
“A gente tem uma troca divina”, conta. “Ela me ensina muito sobre negritude, assim como converso bastante com a Dani [Ornellas, que faz a personagem Cândida] sobre isso. A gente troca muito, acho que o mais importante é construir pontes.”
Ansiosa para a estreia da novela, ela diz que está curiosa para ver a trama de uma forma diferente de todas as outras que já realizou. A estreia se dará com praticamente todas as imagens já gravadas.
“É um jeito diferente de fazer novela”, comenta. “A gente fazia obra aberta, que vai ouvindo o público, agora vai ser diferente, sem a possibilidade de ajustar uma coisa ou outra.”
Ela lembra que o processo se assemelha aos que ela enfrenta quando está gravando cinema, em que é preciso confiar plenamente no olhar do diretor. Porém, revela que uma ou outra cena foi regravada após avaliação na ilha de edição. “[Ainda] é um processo vivo, mesmo não sendo tanto pelo lado do público.”
A atriz também diz que está encantada com o figurino suntuoso da condessa, que ficou a cargo da experiente Beth Filipeck. Vira e mexe, Ximenes brinca nas redes sociais de aparecer com as roupas da personagem em situações inusitadas, antes ou depois de gravar.
Porém, ela diz que não foi fácil manter o bom humor debaixo de tantas camadas de roupas. “A gente pegou dois verões”, lembra sobre as gravações, que começaram no final de 2019 e acabaram parando por causa da pandemia e sendo retomadas em novembro de 2020. “Passamos muito calor nas externas.”
“É um figurino lindo, cada um mais deslumbrante que o outro, eu sou transportada para a época assim que coloco, mas dá trabalho”, confessa. “São quatro saias, é pesado, fico marcada, tem traquitana… A gente fica imaginando como é que elas faziam xixi naquela época.”
“A parte mais complexa é trocar de roupa”, afirma. Apesar da ajuda da equipe de camareiras, ela diz que isso acabava demorando bastante. “Teve um dia que tive 14 trocas de roupa.”
No entanto, o incomodo gerado pelas roupas era aproveitado no trabalho. “A gente traz o desconforto para a cena, como essas mulheres faziam? Era assim. Isso traz até uma postura, que contribui para a gente compor os personagens.”
Como curiosidade, ela conta ainda que chegou a usar tênis por debaixo dos vestidos em algumas externas, já que seus pés não poderiam ser vistos. Outra é que uma das cores escolhidas como marca da personagem é o verde, razão pela qual ela acabou ganhando uma alcunha curiosa de um colega. “Ganhei o apelido de ‘Periquita’ do Selton [Mello]”, entrega.
Por Vitor Moreno