Morre Nelson Freire, um dos maiores pianistas do mundo, aos 77, no Rio de Janeiro
Pessoas próximas contam que o pianista entrou em depressão
O músico Nelson Freire, um dos maiores pianistas do mundo, morreu na madrugada desta segunda (1º), em sua casa, no Rio de Janeiro.
A informação foi confirmada pela empresária do artista, que não soube dar detalhes da causa da morte.
No fim de 2019, o músico fraturou um osso do braço direito e passou por uma cirurgia de quatro horas. Apesar da operação ter sido bem-sucedida, pessoas próximas contam que o pianista entrou em depressão.
A pianista argentina Martha Argerich chegou a vir ao Rio de Janeiro passar um tempo com o amigo. Ela chamou Arthur Moreira Lima para assumir seu lugar na banca do Concurso Chopin, uma das mais importantes competições musicais do mundo, para que ela pudesse estar perto de Freire.
Nelson Freire deixa o companheiro, o médico Miguel Rosário, e um irmão.
Tendo começado a estudar piano desde cedo, Nelson Freire, aos 12 anos de idade, foi o sétimo colocado no Concurso Internacional de Piano do Rio de Janeiro. Logo em seguida, ganhou uma bolsa de estudos para estudar em Viena.
Ao final da década de 1950, Freire já fazia recitais e concertos nas capitais europeias e se apresentava com célebres regentes como Isaac Karabtchevsky e Rudolf Kempe.
No ano de 1964 Freire ganhou o Concurso Internacional de Piano Vianna da Motta em Lisboa e recebeu, em Londres, as medalhas de ouro Dinu Lipatti e Harriet Cohen.
Entre as orquestras com as quais Nelson Freire se apresentou estão a Filarmônica de Berlim, a Orquestra Sinfônica de Londres, Orquestra Filarmônica de São Petersburgo e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.
Seu CD de interpretações de composições de Chopin foi elogiado pela crítica internacional e recebeu os prêmios Diapason d’Or e “Choc”, do periódico francês Monde de la Musique.
Em 1988, a gravadora Phillips o incluiu na coleção “Great Pianists of the 20th Century”, que o objetivo de fazer o sumário das melhores gravações de música erudita do século passado.
Em 2007, Freire venceu na categoria de disco do ano o Gramophone Awards, um dos maiores prêmios internacionais da indústria fonográfica, com seu álbum que inclui um par de concertos de Brahms ao lado da Orquestra Gewandhaus, de Leipzig.
Texto: Eduardo Moura e João Gabriel Talles