Legião Urbana tem série engavetada após imbróglio com filho de Renato Russo

Documentário deveria ter entrado no Globoplay no dia 11 de outubro

Uma série documental de cinco episódios produzida pela Globoplay sobre a Legião Urbana deveria ter entrado no serviço de streaming no último dia 11, quando a morte de Renato Russo completou 25 anos. Mas a produção, mesmo já pronta, acabou engavetada por causa da falta de um acordo com Giuliano Manfredini, filho do vocalista da banda, cuja empresa Legião Urbana Produções não autorizou a veiculação das imagens e das músicas do grupo.

Chamada de “As Cinco Estações”, a série teria quatro episódios documentais e mais um com outros artistas fazendo versões das músicas da Legião Urbana. A Globoplay não chegou a anunciar o produto oficialmente, mas vários músicos que participaram das gravações foram às redes sociais comentar o engavetamento da série.

“Tudo indica que o documentário da Globoplay sobre Renato Russo em que participei cantando minha versão para ‘Perfeição’ será engavetada pelo filho do próprio. Lamentável”, tuitou Thiago Pethit, cantor que gravou um dos covers para o documentário.

Além dele, Diego Xavier, vocalista da banda Bike –que fez a versão de “Índios”–, e João Gordo também comentaram o engavetamento. “Caralho, eu e os Inocentes fizemos uma versão matadora de ‘Química’ pra esse doc, com clipe e tudo. Porra, porque esse filho do Renato Russo faz isso? Espera o bagulho ficar pronto pra proibir. Maior trampo pra ficar na gaveta? Obrigado aos envolvidos”, escreveu o vocalista do Ratos de Porão.

Além deles, também participaram das gravações nomes como Elza Soares, MC Rebecca, Céu, Inocentes, Francisco el Hombre e Lagum. Paulo Ricardo, também escalado para a homenagem, postou recentemente no Facebook que participou de “um especial na Globoplay, ‘As Cinco Estações’, que deve estrear em breve”.

Em contato com a reportagem, Clemente Nascimento, vocalista do Inocentes, diz que a série teve direção dos jornalistas André Barcinski e Arthur Dapieve –este, biógrafo de Renato Russo–, e as performances foram produzidas por Dudu Marote. Ele também gravou um depoimento para a série documental.

“É deprimente. Ele tem os direitos, mas não tem o menor respeito pela história da banda ou da pessoa de quem ele herdou essa obra. Gravei um depoimento e depois a banda [Inocentes], junto ao João Gordo, fez uma versão de ‘Química’. Ficou uma coisa muito legal, vários depoimentos legais sobre a história do Renato e da Legião. O cara vai e cancela. Deprimente.”

Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, ex-integrantes da Legião Urbana, não estão entre as dezenas de entrevistados pela produção –o cantor Ricky Martin é um deles–, mas a dupla liberou o uso das imagens e das músicas da banda. Villa-Lobos, Bonfá e Manfrendini estão no meio de uma disputa judicial pelo direito de usar o nome Legião Urbana.

A Legião Urbana Produções, comandada por Manfredini, foi procurada pelo Globoplay no ano passado, mas só este ano confirmou que não autorizaria o uso das imagens e das músicas.

“Em respeito aos admiradores e aos profissionais envolvidos, a Legião Urbana Produções informa que quando soube da existência da série documental feita pela Globoplay, já havia acordado licenciamento com outra produtora, em regime de exclusividade para a realização de um documentário sobre a vida de Renato Russo”, diz a produtora de Manfredini em comunicado.

“O não cumprimento dos termos do acordo prevê a aplicação de penalidades. A Legião Urbana Produções reforça que respeita e cumpre com as obrigações assumidas, de modo que manterá seu posicionamento em observação ao acordo firmado. Tão logo o termo em vigência se encerre, a Legião Urbana Produções poderá iniciar diálogo com a Globoplay, como sempre fez, inclusive com vários dos artistas que estão envolvidos neste projeto.”

Este outro documentário, feito por Manfredini, foi revelado na imprensa em março deste ano, após a divulgação de um acordo com a Gávea Filmes, da produtora Bianca de Felippes. O filme deve ser feito a partir dos milhares de itens de Renato Russo que foram expostos em 2017 no Museu da Imagem e do Som de São Paulo.

Por Lucas Brêda 

Sair da versão mobile