Justiça mantém prisão de Deolane Bezerra e de sua mãe após audiência de custódia
Operação resultou no bloqueio de contas
JOSÉ MATHEUS SANTOS
A Justiça de Pernambuco manteve a prisão da advogada e influenciadora Deolane Bezerra após audiência de custódia realizada nesta quinta-feira (5), um dia após sua detenção no Recife. Ela foi presa em operação da Polícia Civil que investiga uma suposta organização criminosa que atua em jogos ilegais e lavagem de dinheiro e que teria movimentado quase R$ 3 bilhões.
A mãe de Deolane, Solange Alves, também alvo da operação, permanece presa preventivamente com a filha na Colônia Penal Feminina Bom Pastor, na zona oeste do Recife. Uma terceira suspeita também foi mantida presa.
De acordo com o TJ-PE (Tribunal de Justiça de Pernambuco), as diligências tramitam em segredo de Justiça porque o caso está em fase inicial de inquérito policial.
A reportagem procurou a defesa da influenciadora após o resultado da audiência de custódia, mas não obteve resposta até a atualização mais recente deste texto.
Após a prisão, Deolane publicou uma carta nas redes sociais em que diz ser vítima de perseguição e injustiça.
“Estou passando aqui para tranquilizá-los e afirmar mais uma vez que estou sofrendo uma grande injustiça. É notório o preconceito e a perseguição contra minha pessoa e minha família, mas isso tudo servirá para provar mais uma vez para todos vocês que não pratico e nunca pratiquei ‘crimes'”, escreveu.
Conhecida como Dra. Deolane, a influenciadora foi detida com a mãe, Solange Alves, no bairro de Boa Viagem, zona sul da cidade. A casa da família em São Paulo também foi alvo de buscas pela polícia, que apreendeu itens como relógios e dinheiro, segundo divulgou Dayanne Bezerra, irmã de Deolane.
Duas casas de apostas também foram alvo de busca e apreensão. As diligências aconteceram em Recife, Barueri (SP), Campina Grande (PB), Cascavel (PR), Curitiba e Goiânia.
Deolane passou a noite em uma cela reservada na Colônia Penal Feminina do Recife.
Antes de ser levada para o presídio, Deolane prestou depoimento no Depatri (Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais). Ao chegar a delegacia nesta quarta, a mãe dela passou mal.
A investigação, segundo a Polícia Civil, foi iniciada em abril de 2023 para identificar e desarticular organização criminosa voltada à prática de jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Conforme o inquérito, a quadrilha usava várias empresas de eventos, publicidade, casas de câmbio e seguros para lavagem de dinheiro, feita por meio de depósitos e transações bancárias.
A operação resultou no bloqueio de valores em conta e aplicações financeiras de quase R$ 3 bilhões.
Foram apreendidos 17 carros de luxo e 38 veículos restritos no Renajud, sistema online de restrição judicial de veículos criado pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Também foram apreendidos mais de cem imóveis, quatro aviões e sete embarcações.
Os investigados precisaram entregar seus passaportes, os portes de armas de fogo deles foram suspensos e os registros, cancelados.
De acordo com o Ministério da Justiça, o suposto esquema começou com uma investigação de lavagem de capitais a partir da apreensão de R$ 180 mil reais em espécie em 1º de dezembro de 2022.
“Foram movimentados, de janeiro de 2019 a maio de 2023, mais de R$ 3 bilhões em contas correntes, em aplicações financeiras e dinheiro em espécie, provenientes dos jogos ilegais”, disse o ministério, em nota divulgada nesta quarta.
“O dinheiro era lavado por meio de depósitos fracionados em espécie, transações bancárias entre os investigados com o imediato saque do montante, compra de veículos de luxo, aeronaves, embarcações, joias, relógio de luxo, além da aquisição de centenas de imóveis”, acrescentou a pasta.
Os investigadores identificaram movimentações financeiras atípicas de pessoas físicas e jurídicas, que indicam “indícios de ilícitos financeiros, sem nenhum suporte para as transações comerciais e financeiras feitas pelo grupo”. Ainda conforme a investigação, a maioria dos integrantes tem padrão de vida totalmente incompatível com a renda e os bens declarados.
A ação contou com a participação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) e de 170 agentes de segurança pública dos estados onde ocorreram os cumprimentos dos mandatos de buscas e prisões.