Petrobras separa R$ 13,1 milhões para pagar bônus a executivos em 2022

O valor é quase equivalente ao gasto em 2021

A Petrobras propõe a seus acionistas separar R$ 13,1 milhões para o pagamento de bônus a seus diretores em 2022, ano em que registrou lucro recorde de R$ 106,6 bilhões. A proposta será apreciada em assembleia no dia 13 de abril.

O valor é quase equivalente ao gasto em 2021, mas naquele ano a cifra continha encargos de INSS e FGTS, o que não ocorre em 2022. Em ambos os casos, o orçamento inclui bônus pelo desempenho no ano anterior e parcelas de outros anos.

Procurada, a Petrobras ainda não informou qual será a premiação específica sobre o resultado de 2021. O pagamento de bônus é calculado sobre uma série de metas, que vão desde a rentabilidade das operações à redução de emissões de gases do efeito estufa.

A política de remuneração da empresa foi alterada em 2019, logo no início do governo Bolsonaro, garantindo valores maiores para diretores e executivos. Segundo o modelo atual, o presidente da companhia pode receber até 13 salários de bônus caso todas as metas sejam atingidas.

Para funcionários sem funções gratificadas, o prêmio máximo equivale a 2,6 vezes o rendimento mensal. A mudança foi alvo de críticas dos sindicatos de empregados da companhia, que viam maior equidade no modelo anterior de participação nos lucros.

Ao todo, a Petrobras propõe gastar R$ 39,6 milhões com remuneração de executivos de sua administração, incluindo diretores e conselheiros, em 2022. O valor é 15,9% inferior ao de 2021, que incluía os gastos com INSS e FGTS. Sem considerar esses itens, houve alta de 0,37%.

No manual de votação da assembleia, a Petrobras diz que a diretoria não terá reajuste salarial. Para pagamento dos salários dos diretores, a empresa propõe separar R$ 14,1 milhões, o que daria um vencimento médio de R$ 1,5 milhão por ano para cada diretor – ou R$ 121 mil por mês mais 13º salário.

Os salários pagos à direção da Petrobras foram alvos de críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) no início de 2021, quando o governo começava a conviver com queixas sobre a escalada dos preços dos combustíveis após a pandemia.

“Alguém sabe quanto ganha o presidente da Petrobras? R$ 50 mil por semana? É mais do que isso por semana. Então, tem coisa que não está certa”, afirmou Bolsonaro em fevereiro, três dias depois de demitir Roberto Castello Branco do comando da companhia.

Ainda assim, a União aprovou em abril daquele ano aumento de 8,5% no orçamento da companhia para remuneração a seus executivos, incluindo salários e bônus pelo desempenho de anos anteriores. Em 2020, a Petrobras registrou lucro de R$ 7,1 bilhões.
Atualmente, a empresa tem sido alvo de críticas, inclusive do governo, pela elevada distribuição de dividendos a seus acionistas em um momento de pressão inflacionária provocada pela alta dos combustíveis.

Pelo lucro de 2021, a Petrobras propôs o pagamento de R$ 101,4 bilhões em dividendos.
Na assembleia do dia 13, os acionistas da Petrobras avaliarão também a indicação do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para presidir o conselho de administração da companhia, no lugar do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que pediu para sair alegando razões pessoais.

Ex-funcionário da estatal, onde trabalhou por 26 anos antes de se juntar ao antigo grupo empresarial de Eike Batista, ele se tornou aliado de Bolsonaro no debate sobre reabertura dos estádios após a pandemia.

Por Nicola Pamplona

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