Inflação global mais fraca em 2023 já atrai investimento no Brasil, diz IIF
A avaliação é de Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês)
A provável desaceleração da inflação em escala global esperada para 2023, resultado do processo de aperto monetário pelos bancos centrais dos mercados desenvolvidos, já tem contribuído para o fluxo de investidores estrangeiros em direção ao mercado brasileiro nos últimos meses.
A avaliação é de Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).
Segundo ele, a desvalorização da moeda brasileira ao longo do segundo semestre não teve como principal catalisador questões internas do Brasil, mas, sim, as surpresas com uma inflação acima do esperado nos Estados Unidos, que obrigaram o Federal Reserve (banco central norte-americano) a aumentar o ritmo de aperto monetário de 0,50 ponto percentual para 0,75 ponto.
Mais recentemente, com a expectativa do mercado que o processo em curso de alta dos juros pelo Fed será capaz de causar uma desaceleração da inflação nos Estados Unidos nos próximos meses, a mesma força que fez o real perder força agora pode começar a atuar na direção oposta, afirmou Brooks.
“Estamos vendo um fluxo para mercados emergentes bastante forte no momento, em antecipação ao enfraquecimento do choque inflacionário”, afirmou o economista-chefe do IIF, durante evento promovido pelo Itaú nesta quinta-feira (8).
O economista-chefe do IIF disse que tem uma projeção de preço justo para o real ao redor de R$ 4,50, o que corresponde a uma queda de 13,5%, em relação ao fechamento de R$ 5,20 de quarta-feira (7).
Dados da B3 indicam que o fluxo de estrangeiros na Bolsa brasileira soma cerca de R$ 20 bilhões desde meados de outubro até 5 de dezembro.
Ele acrescentou que a invasão da Ucrânia pela Rússia também pode ser um fator a favorecer o fluxo de capitais para o mercado brasileiro nos próximos meses.
Na avaliação de Brooks, a guerra no Leste Europeu tem feito com que os investidores globais comecem a se questionar a respeito da alocação de recursos em países não democráticos, o que pode ajudar a explicar o fluxo de saída de recursos da China nos últimos meses.
“Estamos vendo um grande fluxo de saída de recursos da China neste ano, algo que não ocorreu nos últimos 10 anos”, afirmou.
Por Lucas Bombana