Dólar vai a R$ 5,3720 e Bolsa tomba 2,07% com temores de inflação nos EUA e Covid na China
Como resultado das pressões externas, além do conturbado cenário político e fiscal interno, o índice de referência da Bolsa, o Ibovespa, mergulhou 2,07%, a 98.212 pontos
Investidores globais mostraram pessimismo nesta segunda-feira (11/7) diante da possibilidade do impacto negativo da inflação nos resultados de companhias dos Estados Unidos. Nesta semana ocorre o início da temporada de balanços das empresas americanas e, além disso, na quarta-feira (13), haverá a divulgação do índice de preços ao consumidor no país em junho.
Como é comum em momentos de tensão nos mercados, a busca pela segurança do dólar impulsionou a moeda americana a um ganho global de 1,1%, segundo índice da Bloomberg que acompanha a divisa.
No mercado de câmbio local, o dólar comercial à vista subiu 1,97%, cotado a R$ 5,3720. O desempenho do real frente ao dólar foi o pior entre as principais moedas. Na comparação com economias emergentes, o retorno negativo da divisa brasileira só não foi maior do que o do peso colombiano.
A inflação nos EUA tem forçado o Fed (Federal Reserve, o banco central do país) a adotar uma política monetária de elevação de juros, cujo resultado poderá ser uma recessão mundial.
Além da inflação nos Estados Unidos, o avanço da Covid-19 na China também puniu o mercado brasileiro ao criar temores sobre a redução da entrada de dólares no país por meio de exportadores de materiais básicos.
O setor de commodities é também o mais importante da Bolsa de Valores brasileira e já vinha pressionado com ameaça de desaceleração global. Restrições provocadas pela Covid na China amplificam esse risco.
BOLSA TEM FORTE QUEDA PRESSIONADA POR EXTERIOR E RISCO FISCAL
Como resultado das pressões externas, além do conturbado cenário político e fiscal interno, o índice de referência da Bolsa, o Ibovespa, mergulhou 2,07%, a 98.212 pontos.
“O noticiário é ruim com o avanço da Covid na China. A política de tolerância zero tem gerado grandes receios sobre diversas localidades chinesas”, comentou Étore Sanchez, economista da Ativa Investimentos.
“Macau é o destaque da semana, com diversas empresas fechando. Contudo, o maior dano é sobre um novo fechamento mais intenso de Xangai, que segue com a estratégia de testes em massa”, disse.
Nos Estados Unidos, o indicador parâmetro para as ações negociadas em Nova York, o S&P 500, caiu 1,15%.
As ações do Twitter afundaram 11,47% após Elon Musk ter anunciado, na semana passada, que não quer mais comprar a companhia. A rede social sofreu a maior queda entre as empresas do S&P 500.
Apesar das atenções voltadas ao exterior, o noticiário político doméstico também continuou no radar do mercado devido à expectativa de votação da PEC (proposta de emenda à Constituição). A medida permite ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) furar o teto de gastos e driblar a legislação eleitoral para abrir os cofres públicos a menos de três meses das eleições.
O risco fiscal carregado com a PEC voltou a pressionar para o alto as curvas de juros DI (Depósitos Interbancários) de curto prazo, revelando a aposta do mercado de que o Banco Central manterá a Selic em patamares elevados por mais tempo para enfrentar a inflação.
EURO RENOVA MENOR COTAÇÃO FRENTE AO DÓLAR
O euro renovou nesta segunda a sua menor cotação diária frente ao dólar, após ter recuado à mínima em 20 anos na última sexta (8). A moeda comum entre países da Europa fechou o dia valendo a US$ 1,0064, muito perto da paridade com a divisa americana.
No câmbio brasileiro, o euro à vista subiu 0,60% frente ao real e fechou o dia valendo R$ 5,3942. A cotação segue bem próxima à do dólar (R$ 5,3720).
O tombo da moeda europeia é mais um sinal dos temores de uma recessão mundial. O Banco Central Europeu também lida com a necessidade de elevar juros para reduzir a inflação e, assim como o Fed, precisa encontrar o ponto certo do aperto para frear a alta de preços sem que isso destrua a economia.
Por Clayton Castelani