Dólar tem queda de 1% na semana com Fitch e juros nos EUA

A queda foi puxada pela expectativa de fim da alta de juros nos EUA e pelo otimismo de investidores sobre a economia brasileira

O dólar caiu novamente nesta sexta-feira (28) e fechou a sessão em queda de 0,56%, cotado a R$ 4,731, após a divulgação de dados de inflação melhores que o esperado nos Estados Unidos. Na mínima do dia, a divisa chegou a ser negociada a R$ 4,697.

No acumulado da semana, o dólar teve desvalorização de 1%, alcançando seus níveis mais baixos em mais de um ano. A queda foi puxada pela expectativa de fim da alta de juros nos EUA e pelo otimismo de investidores sobre a economia brasileira, especialmente após a agência de classificação de risco Fitch ter aumentado a nota de crédito soberano do Brasil, na quarta (26).

Já a Bolsa brasileira não conseguiu manter os fortes ganhos da semana e fechou praticamente estável aos 120.187 pontos. O Ibovespa chegou a registrar seu maior patamar desde agosto de 2021 após o aumento de nota da Fitch, mas quedas de Petrobras e Vale, as maiores da Bolsa, reverteram os ganhos do índice nos últimos dois pregões.

Nesta sexta, o Departamento de Comércio dos EUA divulgou que a inflação medida pelo PCE, índice acompanhado pelo Fed para tomada de decisão sobre juros, desacelerou a 3% no país nos 12 meses até junho, ante 3,8% em maio. Na comparação mensal, o índice subiu 0,2% no mês passado, contra 0,1% no anterior.

Os dados reforçaram as apostas de que o ciclo de aperto de juros promovido pelo Fed, que elevou as taxas do país ao maior nível em 22 anos, está próximo do fim.

“Os dados vieram dentro das expectativas. Caso o índice mantenha essa trajetória baixista até a próxima reunião do Fomc [comitê que toma as decisões sobre juros nos EUA], a tendência é de não termos mais elevações na taxa de juros”, disse Gustavo Sung, economista-chefe da Suno. “Esse dado de hoje deve influenciar positivamente a decisão da autoridade monetária.”

Com isso, o dólar registrou queda ante o real e outras moedas no exterior, já que o fim da alta de juros tende a depreciar a divisa. Isso porque taxas de juros menores diminuem os retornos da renda fixa americana, fazendo com que investidores realoquem recursos para mercados mais atrativos.

No Brasil, o mercado repercute dados de desemprego divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta, que vieram melhores que o esperado.

A taxa de desemprego no país recuou para 8% no segundo trimestre, atingindo o menor patamar para esse período em nove anos, desde 2014, quando o indicador marcava 6,9%. Conforme o IBGE, a queda da desocupação contou com o impulso da abertura de vagas de trabalho no setor público e de empregos informais, sem carteira assinada.

Com as notícias positivas no Brasil e no exterior, o Ibovespa teve leve alta de 0,16% nesta sexta, mas teve seus ganhos limitados por uma baixa de 3,96% nas ações da Vale. A mineradora divulgou queda de 78,2% no lucro líquido no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado, bem abaixo do esperado por analistas.

A Vale foi pressionada, ainda, pela queda do minério de ferro no exterior nesta sexta.
A maior queda do dia foi da Usiminas, que registrou perda de 5,07% após ter divulgado seu balanço do segundo trimestre com queda de 73% no lucro e também afetada pelo minério de ferro. Baixas de GPA (3,87%) e Assaí (2,59%) também pressionaram o Ibovespa.

Colaboraram para a alta do Ibovespa, no entanto, ganhos de Petrobras (1,19%) -que se recupera de fortes quedas recentes-, Itaú (1,49%) e Bradesco (0,97%), que ficaram entre as mais negociadas da sessão.

Na próxima semana, as atenções estarão voltadas para a decisão sobre juros no Brasil, que será divulgada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) na quarta (2). A expectativa é que o BC inicie um ciclo de redução da Selic, no que seria o primeiro corte da taxa em três anos.

“Todas as condições citadas pelo Copom [para baixar os juros] já aconteceram. A inflação caiu e tanto a reforma fiscal quanto a tributária já avançaram na Câmara. Além disso, tivemos duas agências de classificação de risco melhorando expectativas para o Brasil, e outras também devem vir com uma análise positiva para o país. O Brasil está aproveitando as oportunidades”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

Nos mercados futuros, as curvas de juros registraram leve alta após quedas recentes. Os contratos com vencimento em janeiro de 2024 saíram de 12,60% para 12,61%, enquanto os para 2025 subiram de 10,61% para 10,64%.

Nos Estados Unidos, os principais índices acionários subiram, embalados pelo otimismo com a inflação. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq tiveram alta de 0,99%, 0,50% e 1,90%, respectivamente.

Por Marcelo Azevedo

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