Dólar perde força e Bolsa respira acima dos 100 mil pontos

Com o clima favorável aos negócios, o Ibovespa subiu 2,04%, a 100.729 pontos

A taxa de câmbio desacelerou nesta quinta-feira (7) depois de ter alcançado, na véspera, um novo pico desde o final de janeiro. O dólar à vista recuou 1,43%, cotado a R$ 5,3440 na venda. A queda está alinhada ao movimento dos mercados no exterior.

Após um dia de pânico generalizado devido ao temor de recessão mundial, investidores passaram a digerir nesta quinta informações que diminuíram a expectativa de um tombo quase imediato na economia global.

Com o clima favorável aos negócios, o Ibovespa subiu 2,04%, a 100.729 pontos. A força do setor de commodities impulsionou o índice de referência da Bolsa de Valores a respirar acima dos 100 mil pontos pela primeira vez após seis pregões.

Na quarta-feira (6), houve volatilidade enquanto o mercado esperava a divulgação da ata do Fed (Federal Reserve). O banco central americano apresentou no meio da tarde o relatório da reunião que, em 15 de junho, resultou na maior alta da taxa de juros no país desde 1994.

Analistas buscavam no documento pistas sobre os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, cuja percepção poderia ser reforçada caso a ata sinalizasse claramente que a autoridade será igualmente ou ainda mais agressiva na sua próxima reunião, nos dias 26 e 27 deste mês. Esse temor não foi confirmado.

Já nesta quinta, um relatório semanal do seguro-desemprego nos Estados Unidos apresentou alta nos pedidos de novos benefícios. A informação, aparentemente ruim em meio ao temor de recessão, foi interpretada por analistas americanos como relativamente positiva.

A explicação está, mais uma vez, nos comentários dos membros do Fed sobre a razão que poderá resultar ou não em um aumento mais rápido da taxa de juros: a inflação.

Na ata divulgada pelo Fed nesta quarta, a autoridade reforça que a inflação foi o principal motivo para a elevação de 0,75 ponto percentual dos juros de referência do país e que poderá seguir com o aperto ao crédito, caso a alta dos preços persista.

Nesse contexto, a redução da oferta de postos de trabalho foi compreendida com um sinal de que a economia já está respondendo à restrição ao crédito e isso poderia diminuir a velocidade do aperto monetário.

“O que o mercado está querendo ver é que há um arrefecimento no mercado de trabalho, mas não um colapso”, disse Kiran Ganesh, estrategista do UBS, ao The Wall Street Journal.
Na Bolsa de Nova York, o indicador de referência S&P 500 subiu 1,50%. Também avançavam Dow Jones e Nasdaq, com ganhos de 1,12% e 2,28%, respectivamente.

PETROBRAS E VALE SUSTENTAM ALTA DA BOLSA
Notícias sobre novos estímulos à economia na China também beneficiaram os mercados nesta quinta, sobretudo os de países emergentes, como o Brasil. O gigante asiático é o maior consumidor mundial de minério de ferro e de petróleo, os principais materiais exportados por empresas com maior peso na Bolsa brasileira.

O preço do barril do petróleo Brent subia 3,43% no final da tarde, a US$ 104,14 (R$ 558,54). A alta ocorre após a commodity ter afundado 11,5% em dois dias.
A cotação da matéria-prima tende a recuar quando existe a expectativa de redução na demanda por energia, o que seria uma das consequências de uma crise na economia mundial.

A alta do petróleo permitiu que as ações mais negociadas da Petrobras saltassem 2,93%. Também ganhando com a alta do setor de commodities, a mineradora Vale avançou 2,91%.

“O Ibovespa acompanhou as bolsas mundiais e teve um pregão de alta expressiva. Com o cenário externo favorável e commodities em alta, praticamente todas as ações que compõem o índice se valorizaram”, comentou Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Por Clayton Castelani

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