Dólar começa o dia em alta, após 8 quedas seguidas
Avanço desta manhã de segunda (28/3) estava em linha com a alta de 0,5% do índice do dólar no exterior
O dólar abandonou leves perdas de mais cedo e recuperava fôlego nesta segunda-feira (28/3), tentando pausar uma série de oito desvalorizações diárias consecutivas que o levaram a mínimas desde março de 2020, com investidores também acompanhando a força da moeda norte-americana no exterior.
Às 10h07 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,75%, a R$ 4,7823 na venda. Mais cedo, chegou a cair 0,29%, a R$ 4,7329.
Na B3, às 10h07 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,77%, a R$ 4,7875.
O avanço desta manhã estava em linha com a alta de 0,5% do índice do dólar no exterior, que rondava máximas em duas semanas após o rendimento do título soberano de dez anos dos Estados Unidos chegar a superar 2,5%, indo a picos em três anos.
Depois de o banco central norte-americano ter elevado os juros em 0,25 ponto percentual neste mês, pela primeira vez desde 2018, os mercados monetários passaram a precificar ajuste mais agressivo, de 0,5 ponto, no próximo encontro do Fed (Federal Reserve), o que é visto como fator de impulso global para os rendimentos dos Treasuries e para o dólar.
Na agenda da semana, o mercado aguarda a divulgação do índice de inflação norte-americano PCE –preferido do Fed para a alta dos preços– e do relatório de emprego do governo dos EUA, “ambos dados que poderão intensificar o forte movimento de abertura dos juros (nos EUA) que temos acompanhado recentemente”, disse em nota Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.
A moeda norte-americana vem de uma sequência de oito sessões seguidas de desvalorização, a maior desde uma série de mesma duração finda em 5 de março de 2010. No período, o dólar perdeu 7,98% frente ao real, depois de fechar a sexta-feira em R$ 4,7469, mínima desde 11 de março de 2020 (4,7207).
Participantes do mercado já vinham alertando desde a semana passada que havia possibilidade de eventual correção no preço do dólar, já que é normal ver movimentos de ajustes após oscilações expressivas da moeda.
“Com mais força cambial ficando para trás, poucos argumentos convincentes para redução considerável do prêmio de risco e o real sensível a possível piora no sentimento global de risco, a recompensa pelo risco de posições compradas em real parece menos atraente agora do que há muitas semanas atrás”, disse o Goldman Sachs em relatório, embora enxergue possibilidade de a moeda atingir níveis em torno de 4,50 por dólar no curto prazo, apoiada, entre outros fatores, pela disparada recente nos preços das commodities.
O banco também citou preocupações com as perspectivas de crescimento do Brasil –cuja economia deve ser afetada pela crise na Ucrânia– e desafios fiscais domésticos como possíveis empecilhos para valorização adicional do real no médio prazo.
A possibilidade de o Banco Central encerrar seu ciclo de aperto monetário em maio, com o presidente Roberto Campos Neto sinalizando alta da Selic a 12,75% ao ano, também foi destacada pelo Goldman Sachs, que, assim como várias outras instituições financeiras, esperava elevação adicional dos juros em junho.
Custos de empréstimos mais altos têm sido apontados como importante fator de impulso para o real, já que tornam a moeda mais atraente para investidores que buscam lucrar com a tomada de empréstimos em países de juro baixo e aplicação desses recursos num mercado que oferece maiores rendimentos. Atualmente, a Selic está em 11,75%.
Apesar da recuperação desta manhã, o dólar ainda cai mais de 14% no acumulado do ano frente ao real, cujos ganhos em 2022 são os mais acentuados do mundo.
Na última sexta (25), a valorização do real em relação ao dólar completou um ciclo de quatro semanas. A última vez que a moeda brasileira perdeu para a americana no fechamento semanal foi em 25 de fevereiro, um dia após tropas da Rússia invadirem a Ucrânia.
O dólar fechou o pregão desta sexta valendo R$ 4,7470. O tombo foi de 1,77% em relação ao dia anterior. Essa é a menor cotação desde os R$ 4,72 registrados no encerramento da sessão de 11 de março de 2020, dia em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou a pandemia de Covid-19.
Na semana passada a divisa dos Estados Unidos afundou 5,38%. No acumulado de 2022, o mergulho atingiu 14,86%.