Bolsa fecha na máxima de 2023 e dólar tem terceira queda consecutiva com foco em cenário no exterior
O Ibovespa fechou em alta de 1,10%, a 114.270 pontos, no maior patamar de 2023
A Bolsa começou o dia em queda, mas reverteu a tendência e fechou esta quarta-feira (25) em alta, enquanto o dólar caiu, refletindo um maior fluxo de estrangeiros se aproveitando de ações consideradas baratas e taxa de juros alta em relação aos Estados Unidos, onde o aperto monetário deve continuar, mas em ritmo mais lento.
O Ibovespa fechou em alta de 1,10%, a 114.270 pontos, no maior patamar de 2023. O dólar comercial fechou em baixa de 1,22%, a R$ 5,079, no menor patamar desde o dia 04 de novembro de 2022.
Mesmo com feriado municipal em São Paulo, os negócios na B3 ocorrem normalmente nesta quarta-feira.
Os juros apresentaram baixa, com os contratos para 2024 saindo de 13,53% ao ano no fechamento desta terça-feira (24) para 13,49%. No vencimento em 2025, a taxa recuou de 12,74% para 12,67%. Nos contratos para 2027, os juros caíram de 12,80% para 12,73%.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, diz que a queda no câmbio reflete um processo de enfraquecimento global do dólar, algo que já vinha sendo observado nas últimas semanas, pelo fato de os investidores estarem vislumbrando o fim do ciclo de elevação de juros nos EUA.
A economista também lembra que dados divulgados recentemente nos EUA apontam para uma desaceleração da atividade econômica no país. “Temos a curva de juros retirando um pouco de prêmio, isso justifica esse enfraquecimento global do dólar”, afirma.
O Federal Reserve (Fed), o banco central americano, se reúne semana que vem e a aposta majoritária do mercado é de nova redução no ritmo de aperto monetário pelo banco central norte-americano.
Apesar dos juros historicamente altos para os padrões americanos, atualmente no intervalo entre 4,25% e 4,50%, os ativos brasileiros continuam atrativos para os estrangeiros, à medida que a Selic está em 13,75% ao ano.
“Fato é que, neste mês de janeiro, nós desfrutamos de um fluxo de investimento estrangeiro para o mercado de renda variável de R$ 7 bilhões”, diz Abdelmalack. “Temos a melhora do câmbio ancorada neste pano de fundo”, acrescenta.
No entanto, ela pondera que o real poderia estar operando em um quadro ainda mais vantajoso, não fossem as incertezas em relação à política fiscal do governo e a reação do mercado financeiro às falas de Lula sobre a autonomia do Banco Central.
Rafael Marques, economista da Philos Invest, também ressalta o fato de a Bolsa brasileira estar “barata” para investidores estrangeiros.
Em relação ao movimento de subida do Ibovespa, ele destaca a influência de questões externas como um dos motivos. Segundo o economista, o Banco Central do Canadá indicou nesta quarta que vai parar com a elevação de taxa de juros na próxima reunião, levando o mercado a precificar isso para outras grandes economias, principalmente a dos EUA.
Com essa sinalização, ele diz, a bolsa americana reduziu o ritmo de queda. “E a Bolsa brasileira foi no rastro.”
Marques ainda lembra que, embora a B3 esteja funcionando no feriado do aniversário de São Paulo, a liquidez está baixa, devendo fechar na casa dos R$ 20 bilhões -sendo que a média é em torno de R$ 30 bilhões.
As ações da Petrobras, que chegaram a apresentar queda até o início da tarde, fecharam em alta de 0,42%, no caso das ordinárias, e de 1,27% nas preferenciais. A ação ordinária da Vale subiu 0,94%.
As ações dos bancos, que também abriram em queda, oscilam próximos da estabilidade. Destaque para as Units do BTG Pactual, que subiram 1,94%. No dia em que a Americanas apresentou a lista de credores e detalhou sua dívida, a ação ordinária da varejista avançou17,50%, chegando a R$ 0,94.
Nos Estados Unidos, a expectativa era para os resultados de grandes empresas, com a divulgação dos números de Tesla e IBM após o fechamento do mercado. Assim, os principais índices de ações em Nova York fecharam próximos da estabilidade.
Ao divulgar o seu balanço nesta terça-feira (24), a Microsoft projetou que o crescimento de suas receitas na área de nuvem para empresas vai desacelerar neste ano, além de alertar para uma possível queda nas vendas de softwares.
Por Renato Carvalho e Thiago Bethônico