Bolsa brasileira cai 0,48% na contramão do mercado internacional
No exterior, os mercados tiveram um dia positivo
A Bolsa de Valores brasileira caminhou na contramão dos mercados internacionais nesta quinta-feira (29). O Ibovespa, principal índice acionário do Brasil, encerrou em baixa de 0,48%, aos 125.675 pontos, em um pregão bastante marcado por balanços corporativos.
Entre as companhias que divulgaram seus resultados na quarta (28), após o fechamento do mercado, a Vale ficou entre as mais negociadas e, segundo analistas, foi uma das responsáveis por puxar o índice para baixo. Os papéis da mineradora encerraram em queda de 1,47%, a R$ 115,57.
“O resultado da Vale ligeiramente abaixo do esperado, combinado com o ativo [com preços] em topo histórico, culminou na correção do papel nesta quinta-feira, e ajuda a explicar a queda do mercado brasileiro mesmo com o ambiente positivo das bolsas internacionais refletindo a decisão do Fed [Federal Reserve, banco central americano]”, afirmou o analista da Clear Corretora, Rafael Ribeiro.
Na quarta, o Fed anunciou que manterá as taxas de juros americanas no atual patamar e sinalizou que seguirá com os estímulos econômicos naquele país.
Segundo o analista, a mineradora apresentou um resultado operacional forte, com uma geração de caixa robusta e que mantém a expectativa de ótimos dividendos aos acionistas, mas a alta nos custos de produção e do frete acabaram minando o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) no trimestre, que ficou abaixo do esperado pelo mercado.
Multiplan, que também divulgou seu resultado na véspera, ficou entre os polos positivos do Ibovespa. Os papéis da companhia subiram 5,36% na sessão, a R$ 24,16 -segunda maior alta do índice.
Já entre os balanços divulgados nesta quinta (29), os holofotes estavam voltados para GPA (Grupo Pão de Açúcar) e Ambev, ambos com resultados abaixo do esperado e que pressionaram o índice para baixo.
Enquanto GPA registrou uma queda de 95,9% no lucro do segundo trimestre, para R$ 4 milhões, Ambev teve um aumento de custos e também acabou reportando uma margem Ebitda abaixo da expectativa do mercado.
No pregão, os papéis do GPA tiveram a maior queda do Ibovespa e encerraram com baixa de 7,40%, a R$ 31,42. Ambev, por sua vez, terminou com um recuo de 1,15%, a R$ 17,13.
Para o diretor de renda variável da Vheeda Investimentos, Rodrigo Moliterno, é natural que algumas ações tenham reajuste dos preços diante das altas que aconteceram recentemente.
“É muito do que costumamos comentar: a ação sobe no boato e cai no fato. Então Vale, que na véspera acabou subindo e puxando uma alta justamente por conta do resultado, acabou tendo realização de preços nesta quinta. O mesmo aconteceu com os bancos, que tiveram um movimento natural de realização”, afirmou.
No exterior, os mercados tiveram um dia positivo, repercutindo balanços robustos e previsões de empresas daquele país, enquanto dados divulgados nesta quinta (29) mostraram que a economia dos EUA está acima dos níveis pré-pandemia.
Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones, S&P e Nasdaq encerraram em altas de 0,44%, 0,42% e 0,11%, respectivamente. NA Europa, o Euro Stoxx 50, um dos principais índices acionários da região, teve ganhos de 0,33%.
No câmbio, o dólar caiu 0,60% ante o real, cotado em R$ 5,0790 e replicando o movimento global da moeda, ainda sob os efeitos do anúncio de manutenção das taxas de juros americanas feito pelo Fed.
Segundo analistas, alguns indicadores técnicos ainda sugerem espaço para mais quedas do dólar. No exterior, o índice do dólar caía 0,4%, para mínimas em um mês. A moeda dos EUA recuava ante 29 de uma lista de 33 pares.
Texto: Isabela Bolzani