Banco Central está ‘dependente de dados’ para agir sobre juros, diz Galípolo
A equipe econômica pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que indique o nome para a sucessão no comando do Banco Central nesta semana
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (26) que a autoridade monetária está “dependente de dados” para futuras decisões sobre a taxa de juros no Brasil.
Ele citou diferenças entre as economias dos EUA e Brasil para justificar a atual postura do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC.
“A função do Banco Central é ser mais cauteloso e ter cuidado em função desses dados que podem estar sinalizando uma economia que me parece estar em um estágio distinto do que estávamos falando da economia norte-americana, que passou a dar sinais de moderação”, afirmou.
Agentes de mercado precificam um pouso suave da economia norte-americana, evitando uma recessão. O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) Jerome Powell sinalizou na sexta-feira (23) que estava na hora da instituição começar a cortar juros.
“Aqui, a gente vem assistindo sinais de resiliência maior da atividade econômica, com um mercado de trabalho mais apertado”, disse Galípolo.
“Nós vamos consumir os dados a cada reunião do Copom para poder analisar como a economia está avançando e tomar as nossas decisões a partir disso”.
A fala ocorreu durante evento em comemoração aos 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí, em Teresina.
Na última quinta-feira, o diretor afirmou que suas falas recentes sobre mudanças na taxa Selic foram mal-interpretadas por agentes do mercado, mas que precisava estar disponível para receber críticas.
“Vim agora de uma fala em que me expressei mal e tive uma interpretação inadequada, ainda que tenha repetido várias vezes: Estou reafirmando minha fala anterior”, disse, durante evento com alunos da (FGV) Fundação Getulio Vargas, em São Paulo.
Mais cedo no mesmo dia, uma declaração de Galípolo durante evento da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), interpretada como menos “dura” por agentes de mercado, havia mexido com o mercado financeiro contribuindo para a de alta de 1,97% do dólar.
A equipe econômica pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que indique o nome para a sucessão no comando do Banco Central nesta semana.
A indicação dos nomes dos demais diretores do BC deverá ocorrer num segundo momento, segundo fontes do governo a par das negociações, que estão sendo feitas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Galípolo segue como favorito para chefiar o BC. No Congresso e no governo, não se esperam surpresas com uma mudança de última hora.
Por Laura Intrieri