Ações de elétricas caem após Bolsonaro falar que vai mudar bandeira da conta de luz
Desde agosto o governo aplica bandeira tarifária da escassez hídrica
Ações de empresas do setor elétrico caíram no decorrer desta sexta-feira (15) após o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado na véspera que determinará uma mudança na bandeira tarifária de energia, reduzindo o valor extra na conta de luz, devido ao retorno das chuvas em algumas regiões do país.
Desde agosto o governo aplica a bandeira tarifária de escassez hídrica, que obriga os brasileiros a pagarem mais pela energia devido ao baixo volume nos reservatórios.
Em discurso durante um evento organizado pela igreja evangélica Comunidade das Nações nesta quinta (14), Bolsonaro disse que vai pedir ao ministro Bento Albuquerque (Minas e Energia) “que volte a bandeira ao normal a partir do mês que vem”.
A declaração gerou volatilidade às ações de empresas do setor nesta sexta (15) e, durante a tarde, papéis de algumas das principais elétricas registravam quedas, como Eletrobras (-1,68%), AES Brasil (-0,81%), Cemig (-0,33%), Energisa (-1,06%), Equatorial (-1,32) e Light (-0,08%).
As baixas das elétricas ocorrem na contramão do Ibovespa, índice de referência da Bolsa, que subia acima de 1% e caminha para um fechamento na casa dos 114 mil pontos. O cenário externo com altas nos Estados Unidos, Europa e Ásia favoreciam os negócios domésticos.
Após as turbulência geradas pelas declarações de Bolsonaro, o Credit Suisse emitiu uma nota para alertar sobre o potencial de volatilidade nas ações do setor, mas também tranquilizando o mercado ao lembrar que os contratos de concessão possuem cobertura dos custos de geração.
O banco ainda destacou que as bandeiras tarifárias são calculadas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e que os reservatórios ainda estão baixos, reforçando a importância dos índices pluviométricos na composição dos custos da energia.
O órgão responsável por estabelecer as bandeiras tarifárias no Brasil é a Aneel, mas no caso da bandeira de escassez hídrica, criada emergencialmente neste ano contra a crise, a decisão cabe à Creg (Câmara de Regras Excepcionais para Gestão Hidroenergética), presidida pelo ministro Bento Albuquerque.
O custo da bandeira de escassez hídrica é de R$ 14,20 a cada 100 kWh (quilowatt-hora) e a previsão é que ela vigore até abril de 2022.
O Brasil enfrenta a maior crise hídrica dos últimos 91 anos e, por isso, houve redução da oferta de energia gerada pelas hidrelétricas, que foram substituídas pelas usinas térmicas, cujo custo de geração é maior. Por isso a conta ficou mais cara para o consumidor.
Texto: Clayton Castelani