Entenda a queda de 8% da agropecuária no PIB
É a maior redução desde o primeiro trimestre de 2012
A queda da agropecuária no PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre reflete uma combinação de fatores que inclui efeitos sazonais, base de comparação elevada e prejuízos do clima adverso no país, indicou nesta quinta-feira (2) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor caiu 8% na comparação com os três meses imediatamente anteriores. É a maior redução desde o primeiro trimestre de 2012, quando houve tombo de 19,6%. Com o impacto negativo do campo, o PIB nacional recuou 0,1% entre julho e setembro.
Segundo o IBGE, a baixa da agropecuária reflete, em grande parte, o fim da safra de soja, que também impactou exportações. A colheita da principal commodity agrícola do país está mais concentrada nos dois primeiros trimestres do ano.
Assim, a produção do setor tende a ficar menor a partir de julho, explicou a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
No terceiro trimestre, o Brasil também amargou períodos de seca e geadas. Em conjunto, os fatores extremos prejudicaram o plantio e a produtividade de vários segmentos, incluindo café, milho e cana-de-açúcar.
“A agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos”, apontou a analista do IBGE.
O pesquisador Felippe Serigati, do centro de estudos FGV Agro, também chama atenção para o impacto do clima no desempenho do setor. “Isso pegou trigo, milho, café e hortaliças, por exemplo.”
Segundo o especialista, o cenário para a agropecuária tende a ser mais positivo em 2022, a partir de melhores condições climáticas. Por outro lado, o pesquisador relata que o setor deve seguir pressionado por questões como a alta dos preços de parte dos insumos. Entre eles, estão adubos e fertilizantes.
“Os mapas meteorológicos são mais favoráveis para 2022, mas é óbvio que isso pode mudar. Não estamos totalmente tranquilos. Também temos dificuldades de acesso a algumas mercadorias, como fertilizantes”, aponta.
Nesta quinta, o Ministério da Economia relacionou a queda do PIB às condições do clima.
“É fundamental distinguir o que é política econômica de fatores climáticos adversos e pontuais da natureza”, afirmou a SPE (Secretaria de Política Econômica), vinculada à pasta.
“A maior crise hídrica em 90 anos de história e a ocorrência de severas geadas tiveram impacto tanto em setores intensivos em energia como em setores que dependem do clima, como agricultura”, diz.
Por Leonardo Vieceli e Eduardo Cucolo