Vídeo: testemunha filma agressões durante abordagem policial em Planaltina

PMDF diz que excessos na abordagem serão apurados pela Corregedoria. A ação ocorreu durante horário em que grupo de pessoas não poderia estar na rua

Um homem de 27 anos, morador de Planaltina, denuncia que sofreu agressões por parte de policiais militares durante uma abordagem. O caso ocorreu na madrugada de sexta-feira (14/5), na quadra 1, da Vila Buritis.

Um vídeo gravado por uma testemunha mostra o momento em que Daniel Gomes de Oliveira, que trabalha como vidraceiro, leva um tapa de um militar. Na sequência, o homem leva outros dois golpes, e ainda um chute por trás, desferido por um terceiro policial, e cai no chão.

Daniel relata que estava em um bar com alguns amigos quando sentiu fome e pediu para que fosse preparada uma pizza em um estabelecimento vizinho. Ele teria deixado o bar, para retirar o pedido, quando a viatura passou e fez a abordagem.

Toda a ação se passa por volta da 1h. Horário em que, conforme o toque de recolhe vigente no DF como medida de combate ao novo coronavírus, está proibida a permanência de pessoas nas ruas.

Segundo a corporação, um dos abordados estava bastante exaltado e foi detido por ameaçar um dos policiais.

 

 

Um segundo vídeo, gravado pelo circuito interno de uma loja da região, também registra ação dos militares, porém por outro ângulo. Nele, Daniel, que usava camiseta cinza e calça jeans, aparece em pé e com as mãos para trás. É possível ver o momento em que ele leva um tapa/empurrão de um militar e bambeia o corpo. Na sequência, ele leva outro empurrão e abre o braço. Nas imagens não fica claro se o movimento que ele faz atinge algum militar.

Ao Mais Brasília Daniel disse que não houve discussão anterior aos fatos que justificasse a atitude dos militares. Ele relata ainda que não portava nada de ilícito e que, durante toda a abordagem, os militares agiram com grosseria. O caso foi registrado pela polícia, na 16ª DP, como ameaça.

“As agressões só pararam quando eles perceberam que estavam sendo gravados. Não tinha nada de errado comigo e a Polícia Militar não tem o direito de agredir ninguém”, disse o vidraceiro.

A testemunha que filmou as agressões afirmou à equipe de reportagem que não presenciou nenhuma discussão entre as partes. O professor, que não quer ser identificado, conta que estava em casa quando ouviu um barulho e ao sair na janela presenciou a ação.

“Foram quase 20 minutos de abordagem policial. Inicialmente tinha apenas uma viatura. Comecei a filmar porque as revistas na periferia têm uma tendência a acabar em agressões e, infelizmente, presenciei o que mais temia”, afirma.

“Não conheço o rapaz e nenhum dos envolvidos, mas vi o momento em que ele levou tapas no rosto e chutes até cair no chão. Inclusive, a polícia só parou com as agressões quando gritei da minha janela que eles não podiam fazer isso e que estava filmando. Aí é quando pergunto: pra quê isso, precisa ser assim?”, ingada o professor.

 

Desrespeito ao Toque de Recolher

Segundo o vidraceiro, ele e alguns colegas estavam na parte interna de um bar ingerindo bebida alcoólica durante a madrugada, por volta da 1h.

A atitude do grupo vai contra o toque de recolher válido em todo o Distrito Federal após decreto publicado pelo GDF. Pelo texto, a circulação de pessoas fica proibida das 00h às 5h.

A norma ainda diz que será permitido o “deslocamento individual” realizado depois de 0h, “desde que configurada a intenção de retorno à residência e seja realizado após o término da jornada de trabalho regular”, o que não era o caso do Daniel e seus amigos.

A multa para pessoas que descumprem o toque de recolher é de R$ 2 mil. Já os estabelecimentos comerciais podem sofrer cobranças de R$ 3,8 mil até R$ 20 mil.

 

Outro lado

Em nota, a PMDF disse que recebeu várias ligações no 190 para abordar um grupo de pessoas, aglomeradas, que fazia uso de bebidas alcoólicas e sem o uso de máscaras de proteção.

A corporação destaca ainda que um dos abordados estava muito exaltado e foi detido por ameaçar um dos policiais.

Ainda de acordo com a polícia “qualquer excesso na abordagem, conforme filmagem, será apurado pela Corregedoria da PMDF”.

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