Transporte público coletivo do DF emprega mais de 1.900 mulheres

Quantidade de colaboradoras das concessionárias cresceu 17% nos últimos dois anos

Motoristas, manobristas e cobradoras ou profissionais das áreas de manutenção e administrativa. Em todas as funções que fazem parte da operação do Sistema de Transporte Público Coletivo do Distrito Federal (STPC-DF), as mulheres ocupam cada vez mais espaço. Entre 2021 e o início deste ano, as operadoras ampliaram em 17% a quantidade de colaboradoras do transporte rodoviário de passageiros.

O aumento nas contratações ocorreu em todas as áreas operacionais do sistema. Nos últimos dois anos, foram contratadas 279 mulheres para trabalhar no transporte coletivo, chegando ao total de 1.935 atuando nas cinco concessionárias.

Eliane Carneiro de Oliveira, 62 anos, é uma das motoristas do transporte coletivo do DF. Antes de começar como condutora na TCB, há 34 anos, essa pernambucana trabalhou durante quase uma década como caminhoneira em São Paulo.

“Vim fazer uma entrega aqui em Brasília e me convidaram para fazer os testes na TCB; eu fiz e estou aqui até hoje”, conta a única mulher motorista da transportadora estatal.

Caminhos difíceis

Com uma vida inteira dedicada ao transporte, Eliane tem histórias para contar, mas nem sempre fatos alegres. “Fui assaltada e até tomei tiro”, lembra. Ela conta que o assaltante ameaçou atirar se ela continuasse a viagem. Quando foi mexer na alavanca do câmbio do ônibus, levou um tiro que acertou uma das mãos e as duas pernas, deixando cicatriz profunda na coxa direita.

Eliane relata que, quando dirigiu um automóvel pela primeira vez, já fazia cinco anos que sabia conduzir caminhões. De família de caminhoneiros, ela sempre quis seguir a profissão e começou pelos veículos grandes. Quando começou na TCB, recorda, havia apenas três mulheres motoristas nos coletivos do DF. “Na época, havia muito preconceito, mas hoje já está bem mais tranquilo”, avalia. “A mulher nunca deixa de enfrentar essas situações difíceis, em qualquer profissão”.

Quem também se vira muito bem no ramo do transporte é Márcia Maria dos Santos Lima, 50, que começou atuando na faxina até ter a oportunidade de trabalhar como cobradora.

“Eu amo o que eu faço”, afirma. “Faço com carinho, com prazer. Amo meus passageiros”.

Márcia veio para o DF sozinha, há 18 anos, e desempenhou várias atividades. Assim, pôde trazer suas duas filhas e ver seus netos nascerem e crescerem aqui.

“Desejo muitas felicidades a todas as mulheres, em especial às minhas passageiras, não só no dia 8, mas todos os dias”, conclui.

Onde elas trabalham

A Piracicabana faz as linhas da Área 1 do sistema em Brasília, Sobradinho, Planaltina, Cruzeiro, Sobradinho II, Lago Norte, Sudoeste, Octogonal, Varjão e Fercal. A quantidade de mulheres na empresa aumentou 12,8% nos últimos dois anos. Em 2021, eram 507 colaboradoras, sendo 26 motoristas e 383 cobradoras. Atualmente, a operadora atua com 572 mulheres, sendo 23 motoristas e 430 cobradoras.

Operadora da Área 2, a Viação Pioneira atende os passageiros de Itapoã, Paranoá, Jardim Botânico, Lago Sul, Candangolândia, Park Way, Santa Maria, São Sebastião e Gama. De 2021 para 2023, a empresa aumentou em 27% a quantidade de mulheres, passando de 268 em 2021 para 340 colaboradoras em 2023.

Na Área 3, operada pela Urbi, a quantidade de motoristas aumentou de cinco, em 2021, para 15, no início deste ano. A empresa emprega ainda cinco manobristas e 293 cobradoras, além de quatro despachantes, quatro coordenadoras e uma controladora de tráfego. O total de mulheres subiu 5% nesse período, de 343 para 361 colaboradoras. A Área 3 atende o Núcleo Bandeirante, Samambaia, Recanto das Emas, Riacho Fundo e Riacho II.

A Viação Marechal atua na Área 4 do STPC-DF, nas cidades de Taguatinga, Park Way, Ceilândia, Guará e Águas Claras. A empresa contratou 114 mulheres nos últimos dois anos e conta atualmente com 391 funcionárias na empresa, 41% a mais do que as 277 que atuavam na operadora em 2021.

As linhas na região do SIA, SCIA, Vicente Pires, Ceilândia, Taguatinga e Brazlândia são atendidas pela São José. A empresa conta com 271 mulheres, dez a mais do que no final de 2021. Em um ano, o quadro feminino aumentou 4%.

Sair da versão mobile