Ter uma família é o desejo de crianças que aguardam adoção no DF
O programa trabalha com a busca ativa, isto é, a procura proativa por famílias em condições legais de adotar, para meninas e meninos que costumam ter o perfil preterido por quem está na fila de adoção
O final do ano é marcado pelos tradicionais desejos. Para as 92 crianças e adolescentes que aguardam pela adoção no DF, o maior deles é encontrar uma família. A fim de aumentar as chances de realização desse sonho, a Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal (VIJ-DF) criou em 2019 o programa de sensibilização para adoção fora do perfil clássico Em Busca de um Lar.
O programa trabalha com a busca ativa, isto é, a procura proativa por famílias em condições legais de adotar, para meninas e meninos que costumam ter o perfil preterido por quem está na fila de adoção. Encaixam-se nesse grupo menos buscado, e agora trabalhado pelo Em Busca de um Lar, adolescentes e crianças mais velhas, que pertencem a grupos maiores de irmãos, com deficiência ou graves problemas de saúde.
Segundo o TJDFT, a iniciativa tem proporcionado o encontro entre pais e filhos por meio da adoção. Este ano, 13 participantes estão em aproximação com uma família, entre eles três grupos de irmãos (com quatro, três e dois irmãos), três adolescentes (16, 15 e 14 anos) e um menino com problema de saúde (10 anos). Em momentos anteriores do Em Busca de um Lar, outros quatro participantes foram acolhidos – uma dupla de irmãos adolescentes, uma menina de 10 anos com deficiência e uma criança de 4 anos com paralisia cerebral.
De acordo com os idealizadores do projeto, a ideia é apresentar quem espera pela adoção além de um perfil limitado à idade ou à condição de saúde, propiciando o protagonismo de crianças e adolescentes aptos para adoção. Os participantes passam por prévia preparação emocional e precisam dar seu consentimento. Também é preciso consentimento dos guardiões institucionais das crianças e adolescentes e expressa autorização judicial.
A opção pelo projeto justifica-se pela previsão constitucional de prioridade absoluta dos direitos infantojuvenis, sendo voltado àqueles que estão inseridos em ambiente institucional com menor perspectiva de experimentarem o pertencimento familiar.
CONHEÇA OS PARTICIPANTES DO EM BUSCA DE UM LAR QUE SEGUEM ESPERANDO POR UMA FAMÍLIA
Uma família que se faça presente em suas vidas, que seja do bem e os eduque. Esse é o desejo de três irmãos que aguardam pela adoção no DF: Rogério (12), Renata (14) e Natasha (16). Eles são contra todas as formas de preconceito, dividem a paixão pelo futebol e pelo Flamengo e coincidem em terem escolhido as profissões que querem exercer no futuro pensando em ajudar as pessoas – Renata e Rogério querem ser policiais; Natasha, médica.
Leandro (16) tem dois grandes sonhos: ter uma família e ser jogador de futebol. Se não for jogador de futebol, ele está aberto a tentar outras profissões, mas não abre mão do sonho de ter um lar. “Qualquer tipo de família, o importante é ter uma. Pra mim tem que dar atenção, cuidar e não maltratar”, divide Leandro. Além do futebol, ele gosta de assistir a filmes, passear e jogar no celular. Quem convive com ele conta que é um menino cheio de qualidades, respeitador, obediente, responsável.
Fã de esportes, David (16) é um garoto sorridente que sonha ter uma família que esteja ao lado dele nos bons e maus momentos, com a qual possa conversar e da qual receba atenção. Ele curte jogos de tabuleiro e de cartas, mexer no celular, assistir a filmes. É descrito como carismático e divertido. Para o futuro, quer estudar Administração, ser policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ou ainda entrar para o Exército ou ser jogador de futebol.
Yasmin (12) sonha em ter uma família que seja amorosa e se imagina voltando da escola e encontrando os pais depois de um dia de estudo. É descrita como carinhosa e fã de abraços. Ela gosta de brincar de boneca, andar de bicicleta, dançar, ouvir música, assistir TV e ver filmes. Yasmin também curte passear e se arrumar para sair. A menina tem diagnóstico de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) e retardo mental leve (baixo QI).
Ana Clara (11) gosta de ler – principalmente livros da Barbie –, andar de bicicleta e brincar. No futuro, sonha em ser médica. “Eu quero cuidar das pessoas”, diz a menina. Sua disciplina favorita na escola é Matemática. Ana Clara também gosta da natureza, de passear e torce para o Flamengo. Seu maior desejo no momento é ter uma família que lhe dê amor, carinho, respeito e com a qual possa compartilhar momentos do dia a dia, como assistir a um filme juntos.
A descrição de Vitória (13) sobre sua família dos sonhos é uma que seja carinhosa, alegre e, usando uma palavra comum em seu repertório, legal. Ela gosta de escutar música, ler, ficar no computador e praticar esportes, principalmente vôlei e queimada. Quando crescer, sonha ser policial. Ela é descrita como carinhosa, amorosa, caprichosa no que faz e obediente. Vitória tem uma deficiência intelectual diagnosticada.
COMO ADOTAR
Famílias interessadas nos participantes do Em Busca de um Lar devem procurar a VIJ-DF para manifestar seu interesse na adoção. O contato inicial pode ser feito mandando mensagem pelo WhatsApp para o número (61) 99272-7849 ou para o e-mail [email protected].
Caso a pessoa interessada ainda não seja habilitada para adoção, é preciso iniciar o processo – saiba como: https://atalho.tjdft.jus.br/wQt0oO. Quem tem interesse em adotar adolescentes, grupos de irmãos, crianças e adolescentes com deficiência, doença crônica ou necessidades específicas de saúde tem prioridade legal na habilitação e na tramitação do processo de adoção