Técnica de enfermagem do HRAN é presa por negociar vagas para cirurgia
Pelo serviço, a funcionária e uma comparsa cobravam o valor de R$ 1,5 mil
Uma técnica de enfermagem do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) foi presa em flagrante na tarde dessa quarta-feira (22/9) pelo crime de corrupção passiva. Marlenita do Nascimento Silva, 56 anos, e a amiga Sônia Lopes de Sousa, 44 anos, eram responsáveis por comandar esquema de “venda de lugares” para cirurgias realizadas na rede pública de saúde. Pelo serviço, as duas mulheres cobravam o valor de R$ 1,5 mil.
O esquema foi descoberto pela Polícia Civil do DF (PCDF), após uma mulher de 55 anos procurar a 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires) e denunciar que Sônia estava intermediando uma negociação com uma funcionária do HRAN para agendar a cirurgia de hérnia de seu irmão.
Segundo o depoimento da mulher que foi à polícia, seu irmão aguardava há cinco anos por uma cirurgia na unidade de saúde, mas até o presente momento, não havia sido contemplado. Essa situação foi compartilhada com a amiga Sônia que respondeu conhecer uma pessoa que poderia agilizar o agendamento do serviço, mas para isso cobraria uma taxa pela marcação da cirurgia.
Dias depois de a vítima afirmar que teria interesse na ação, as duas mulheres chegaram a solicitar que fossem realizados os exames pré-operatórios e que quando os resultados estivessem prontos seria agendada a cirurgia necessária. Para a vítima, as mulheres afirmaram que tinha uma vaga disponível para a próxima sexta-feira, dia 24 de setembro.
Prisão em flagrante
Após contar sobre o esquema ilegal para a polícia, a mulher que denunciou a ação afirmou que a dupla exigiu o pagamento da quantia cobrada (R$ 1,5 mil) para concretizar o processo.
O combinado pela intermediadora Sônia foi que o valor fosse entregue diretamente para ela e em espécie. Assim, ela faria o repasse à funcionária do hospital.
A vítima agendou o pagamento na casa da mulher, localizada na Rua 4 em Vicente Pires. Os policiais acompanharam a ação e fizeram a prisão em flagrante.
A mulher foi encaminhada para a delegacia e ali confessou todo o esquema, incluindo detalhes sobre a comparsa. A mulher ainda autorizou o acesso dos policiais ao seu aparelho de telefone celular, onde tinham todas as conversas sobre a negociação.
A funcionária do HRAn foi presa na entrada do posto de enfermagem da ala cirúrgica. Veja vídeo das mulheres na delegacia:
Se condenadas, as mulheres podem pegar penas de até 12 anos de prisão.
A PCDF pede que, caso outras pessoas tenham sido vítimas da dupla procurem à delegacia para fazer denúncia.
O outro lado
Em nota, a Secretaria de Sáude informou que a direção do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) desconhece a venda de vagas para realização de cirurgias na unidade e repudia qualquer ato ilícito por parte dos servidores.
A direção destaca que todas as cirurgias eletivas são reguladas, agendadas pela Central de Regulação, respeitando critérios de prioridade, levando em conta principalmente a gravidade de cada caso. O encaminhamento de pacientes para cirurgias é rigorosamente acompanhado pelo Ministério Público, não sendo possível interferências que permitam privilégios.
A Pasta ainda afirmou que a direção do HRAN está alinhada com a Polícia Civil e vai colaborar com as investigações.