Soldado assassinado no DF reclamou de sargento em grupo de mensagens
O caso é classificado como homicídio seguido de suicídio e aponta para um gargalho nas forças de segurança do DF
O soldado da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), assassinado pelo sargento Paulo Pereira de Souza no último domingo (14), durante um plantão policial, havia reclamado do colega de farda em um grupo de mensagens de aplicativo.
As informações foram obtidas pelo portal Metrópoles.
Em uma das mensagens, o soldado “alerta” sobre o perigo de ter, no trabalho, um policial que estava passando por problemas psicológicos. “Na RP tinha que ter só os policiais bons que querem trabalhar. Sem contar o risco de você colocar sua vida na mão de um piorado e na hora do vamos você tá sozinho [SIC]”. Yago chegou a escrever: “Só vai mudar quando der uma merda muito grande”.
Entenda o caso:
Uma tragédia aconteceu durante um plantão de rotina de policiais militares do DF nesse domingo (14). Após o atendimento de uma ocorrência sem maior gravidade, três militares de uma equipe policial pararam em frente a uma sorveteria no Recanto das Emas.
Dois dos militares, o sargento Paulo Pereira de Souza e o soldado Diogo Carneiro, saíram da viatura para comprar picolés. O soldado Yago Monteiro Fidelis permaneceu na viatura, na direção do veículo, esperando pelos colegas. Ao retornarem, o sargento Paulo atirou na cabeça do soldado Yago e, em seguida, tirou a própria vida.
Ao perceber a tragédia, o soldado Diogo correu em busca de socorro; mas não deu tempo. O sargento Paulo morreu ainda na viatura, e o soldado Yago, mesmo socorrido e transportado ao Hospital Regional de Taguatinga (HRT), morreu cerca de duas depois.
O sargento Paulo Pereira de Souza estava na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) havia 23 anos. Nos últimos tempos, o militar enfrentava problemas pessoais. Mesmo passando por consultas, os psicólogos da corporação nada constataram e o sargento retornou normalmente ao trabalho.
O caso é classificado como homicídio seguido de suicídio e aponta para um gargalho nas forças de segurança do DF; a questão do tratamento da saúde mental dos profissionais. Esta é uma das linhas traçadas pela investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), comandada pela 27ª DP. Segundo o delegado-chefe da 27ª DP, Fernando Fernandes, “a delegacia vai continuar investigando, a intenção é esclarecer a motivação desse episódio tão trágico”.
Em nota, a PMDF afirmou que o “assunto será tratado de forma transversal abrangendo todos os departamentos para alcançar o objetivo da segurança em relação a saúde policial militar, bem como perpetuar e otimizar a segurança da sociedade de todo o Distrito Federal.”
Nota da PMDF:
A Polícia Militar do Distrito Federal informa a respeito do grave incidente na manhã deste domingo (14), no Recanto das Emas, envolvendo dois de seus membros. A ocorrência, classificada como homicídio, seguido de suicídio, está sob investigação conjunta da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) e da Corregedoria da PMDF.
O policial alvejado foi socorrido pelos bombeiros, mas, com pesar, informamos, que ele foi ao óbito após atendimento no Hospital Regional de Taguatinga.
Diante do ocorrido, ressaltamos que a saúde do policial militar é prioridade da Comandante-Geral da PMDF, Coronel Ana Paula. O assunto será tratado de forma transversal abrangendo todos os departamentos para alcançar o objetivo da segurança em relação a saúde policial militar, bem como perpetuar e otimizar a segurança da sociedade de todo o Distrito Federal.
Dessa forma, ressaltamos nosso compromisso contínuo com o bem-estar e a saúde mental dos integrantes de nossa instituição, empenhados em criar um ambiente de trabalho onde o cuidado com a saúde mental é uma prioridade. Acreditamos que apoiar a saúde mental de nossos policiais é fundamental para manter uma força de trabalho resiliente, eficaz e compassivo.
Enquanto prosseguem as investigações sobre o incidente, pedimos respeito e sensibilidade à privacidade e dignidade de todos os envolvidos. A PMDF está trabalhando em estreita colaboração com a PCDF e a Corregedoria para garantir uma investigação completa e justa.