Sinpol-DF: sem proposta de reajuste, novas nomeações não resolvem evasão na PCDF
Sindicato afirma que a desvalorização salarial tem gerado desmotivação e que policiais civis estão abandonando a carreira para ingressar em outros segmentos
Pesquisa do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF) revela que praticamente metade do efetivo policial (48,6%) está se preparando para mudar de carreira antes da aposentadoria. Os dados mostram que aqueles policiais que desejam essa mudança estão “em busca de oportunidades mais atrativas em termos de carreira e remuneração.”
Segundo a entidade, atualmente o efetivo da PCDF tem um déficit de mais de 50% de policiais. Os números ainda apontam que 84% dos policiais civis consideram frequentemente a possibilidade de mudar de profissão.
Ainda de acordo os resultados da pesquisa, 93% dos policiais civis estão insatisfeitos com a atual conjuntura salarial, considerando-a abaixo das expectativas.
Conforme o sindicato, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) enfrenta uma crise de efetivo que tem comprometido a segurança dentro das delegacias, tanto para os servidores quanto para a população, exacerbada pela alta taxa de pedidos de exonerações e aposentadorias entre os policiais civis. O problema se estende à conclusão das investigações e ao atendimento aos cidadãos, que voltam para casa muitas vezes sem solução para suas demandas.
Os principais motivos citados são os salários defasados, a sobrecarga de trabalho e a busca por melhor qualidade de vida.
Um estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), na pesquisa Raio-X das Forças de Segurança Pública do Brasil, mostrou que a PCDF perdeu 911 servidores policiais nos últimos 10 anos, queda de 18% no quadro da ativa.
O presidente do Sinpol-DF, Enoque Venancio de Freitas, explica que as 800 nomeações anunciadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF) para 1º de novembro serão essenciais para a corporação, mas não suprirão a necessidade real diante do déficit na PCDF e tampouco resolverão os problemas de abandono da carreira entre os policiais civis que estão na ativa.
“A recomposição dos quadros é fundamental para que a falta de policiais civis não prejudique ainda mais o andamento das investigações e o atendimento aos cidadãos. Mas novas nomeações, sem a valorização da carreira, não solucionarão a evasão de investigadores, que a cada dia buscam melhores oportunidades no serviço público. Ou seja, a curto prazo, essas nomeações não terão efeito prático”, pontuou Enoque.
O sindicalista esclarece que a categoria tem reivindicado o restabelecimento da simetria salarial com os policiais federais. Ele explica que a diferença nos subsídios entre a PCDF e a Polícia Federal já foi de mais de 34% após 2016, quando os policiais civis ficaram de fora do reajuste concedido aos federais naquele ano. Hoje, após o último reajuste, essa diferença caiu para pouco mais de 10%, mas poderá disparar novamente, uma vez que a PF já tem garantido em lei o seu reajuste em parcelas até 2026.
“Estamos nos aproximando do recesso legislativo e até agora nada. O sindicato tem se reunido com diversas autoridades, apresentando a proposta de reajuste da categoria, que é o restabelecimento da simetria com os federais, mas o processo está lento, e isso tem causado problemas entre os policiais civis, que estão ansiosos, impacientes e desmotivados”, afirma Enoque.
“Portanto, as novas nomeações para a PCDF não resolverão o problema de desmotivação entre a categoria. Os pedidos de exoneração e o abandono da carreira em busca de segmentos mais atrativos continuarão. O problema de efetivo na corporação será resolvido quando os policiais civis voltarem a se sentir valorizados, com uma remuneração que se iguale à importância do trabalho que prestam aos cidadãos”, destacou Enoque.