Quadrilha se passa por médico para aplicar golpe em famílias de pacientes internados
Grupo era chefiado por um interno do presídio de Mata Grande (MT)
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, nesta sexta-feira (22/10), a Operação Dr. Blefe, para acabar com organização criminosa que opera desde 2018, e já cometeu mais de 100 crimes entre estelionatos contra idosos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. O grupo tem como sede a cidade Rondonópolis (MT) e era chefiado por um interno do presídio de Mata Grande.
De acordo com as investigações, a conduta dos criminosos buscava familiares de vítimas hospitalizadas em estado grave e, em sua maioria, pessoas idosas, com a finalidade de conseguirem vantagens econômicas ilegais, durante a pandemia de Covid-19.
O golpe consistia em obter dados de pacientes internados em diversos hospitais de Brasília. Logo em seguida, os autores ligam nos quartos das vítimas em estado grave, se passando por médico com “alta especialização” e convencem os pacientes a efetuarem depósito de dinheiro em contas bancárias de terceiros para urgente necessidade de exames e procedimentos médicos a serem realizados, por se tratar de “caso de risco de morte”.
“Leigos nos conhecimentos técnicos da medicina, isolados em razão da pandemia de Covid-19, os familiares das vítimas, desesperados, transferiam quantias em dinheiro aos autores, chegando até a fazerem empréstimos bancários visando salvar seu ente querido”, afirma a PCDF.
Após o golpe, os criminosos, na posse dos dados pessoais das vítimas, habilitam linhas telefônicas no nome delas e utilizam os telefones para dar continuidade nas ações criminosas a fim de dificultar a investigação e elucidação dos crimes.
Operação
A operação Dr. Blefe foi coordenada pela Decrin e contou com mais de 22 policiais da PCDF e da Polícia Civil do Mato Grosso (PCMT). Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão em endereços de alvos localizados em Rondonópolis (MT), inclusive na Penitenciária de Mata Grande.
Durante a ação, policiais prenderam em flagrante três integrantes da organização criminosa, inclusive, um interno que operava de dentro do presídio de Mata Grande e outro ex-companheiro de cela, que estava no regime semi-aberto, com monitoramento eletrônico.
Segundo os investigadores, a organização contava com outras pessoas que estão foragidas e em plena atividade, tendo cometido dois golpes consumados e vários tentados no dia anterior da operação, com vítimas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Ao longo das buscas, foram apreendidos vários celulares, chips, anotações contendo a contabilidade da organização criminosa, bem como números de telefones de diversos hospitais do país inteiro, com ramais das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), áreas de Covid e quartos, além de contas bancárias “laranjas” utilizadas para depósitos dos valores obtidos com o crime.
Os policiais encontraram também cadernos com instruções de vários golpes dados por telefone pelos internos dos presídios, inclusive, um roteiro orientando para o golpe do falso médico. Os agentes apontam que há fortes indícios que os criminosos sejam também integrantes do Comando Vermelho.
Se condenados, os investigados podem responder por dezenas de crimes de estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e participação de organização criminosa. As penas podem variar entre 20 e mais de 50 anos, somadas a todas as condenações.
A corporação destaca que há ainda pessoas que foram vítimas desse golpe e não registraram boletim de ocorrência.