Primeiro cineclube com audiodescrição do DF é resultado de TCC da UnB
Exibições na Biblioteca Braille Dorina Nowill começam em 27 de fevereiro, com sessões mensais de curtas-metragens adaptados para deficientes visuais
Um espaço político, pedagógico e formador de público acessível a pessoas com deficiência visual irá exibir curtas-metragens a partir de 27 de fevereiro. O Cineclube AD é resultado do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Audiovisual da egressa Keilla Salvador, e terá como sede a Biblioteca Braille Dorina Nowill, a única biblioteca braille do Distrito Federal, que fica em Taguatinga.
O projeto conta com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC/DF) e está em fase de pré-produção desde o final de 2022. As sessões do Cine AD ocorrerão uma vez por mês. No dia 27, os filmes exibidos serão: Filhas de Lavadeiras, de Edileuza Penha de Souza; Castigo, de Lucas Maya Alves; e mar, cores, sons e texturas – O OLHAR QUILOMBOLA NA INFÂNCIA, de Gabriel Moreira Bispo. Todos os curtas-metragens possuem recurso de acessibilidade de audiodescrição.
Keilla Salvador relembra o embrião do projeto que deu à luz o cineclube: uma audiodescrição de um curta-metragem que foi elaborado por uma colega como TCC.
“Enquanto ela estava explicando as etapas de desenvolvimento do projeto, eu me inspirei bastante e achei muito interessante essa questão da acessibilidade no Audiovisual”, conta.
Formada pela Faculdade de Comunicação (FAC) da UnB em 2020, Keilla chegou a trabalhar em eventos de artes visuais em Taguatinga que fazem mediação educativa junto a pessoas com deficiência visual.
“Nesse momento, com a minha formação em andamento e meus conhecimentos estéticos sobre cinema e artes, eu percebi o quanto o mundo acontece por meio dos sons e da narrativa falada para a pessoa com deficiência visual”, reflete.
Após concluir a sua graduação em Audiovisual, Keilla Salvador fez um curso de elaboração de projetos culturais no Instituto Federal de Brasília (IFB), onde desenvolveu o projeto do cineclube como trabalho final. Em 2021, o projeto foi submetido ao edital do Fundo de Apoio à Cultura e teve o financiamento aprovado.
O Trabalho de Conclusão de Curso da produtora cultural na UnB foi orientado pela professora Rose May Carneiro. Ela se diz “super satisfeita com o resultado” do projeto.
Rose May tece mais elogios ao projeto afirmando que ele é “muito bonito e audacioso”.
“O projeto da Keilla foi vanguarda porque olhou para uma necessidade de uma população e, ao mesmo tempo, ela pensou nisso de uma maneira não só inclusiva, mas imersiva, através de um cineclube onde as pessoas podem sorver a história do cinema e a linguagem cinematográfica na maneira mais completa”, aponta.
“Isso significa que pessoas que tiveram problemas relacionados à cegueira no Brasil vão poder assistir filmes, participar de uma sessão de cinema, de uma sessão imersiva com total compreensão daquilo que estão vendo”, comemora a professora.
“Então o projeto da Keilla é inclusivo em relação à audiodescrição, em relação a essas pessoas poderem estar no cinema não só com a sua presença, mas com toda a sua compreensão corpórea.”
Rose May lembra que, desde 2016, há uma instrução normativa (IN n° 128, de setembro de 2016) da Agência Nacional do Cinema (Ancine) que regulamenta o provimento de recursos de acessibilidade visual e auditiva na distribuição e exibição cinematográfica, mas que, no último governo, não foi cumprida.
*Com informações da Ascom da UnB