Ponte Costa e Silva volta ser chamada de Ponte Honestino Guimarães

Honestino era líder estudantil e foi importante ator na defesa de garantias individuais no Distrito Federal

A Ponte Costa e Silva, no Lago Sul, voltou a ser chamada Ponte Honestino Guimarães. Isto porque a Câmara Legislativa do Distrito Federal derrubou, na noite desta terça-feira (13/12), veto do governador Ibaneis Rocha, que mantinha, desde 2012, o nome Costa e Silva. O veto de Ibaneis foi derrubado por 17 votos a 4.

O projeto que altera o nome da ponte é de autoria do deputado Leandro Grass (PV).

“No dia 13/12 de 1968 foi decretado o famoso AI 5 pelo presidente Costa e Silva, cerceando direitos políticos e civis e fechando o Congresso Nacional. Hoje, neste mesmo dia, a Câmara Legislativa tira da ponte o nome de alguém que tem suas mãos sujas de sangue, responsável por dezenas de desaparecimentos na ditadura. O nome que vai entrar é o nome de alguém que lutou pela democracia e que até hoje não sabemos o seu paradeiro”, afirmou Grass.

Em 2015, um projeto de teor semelhante havia sido apresentado pelo deputado Ricardo Vale (PT) e chegou a ser aprovado pela Casa, mas foi declarado inconstitucional por não ter contemplado a realização de audiência pública prévia com a comunidade.

O deputado Prof. Reginaldo Veras (PV) explicou a diferença entre aquele projeto e o apresentado em 2021, que entra em vigor com a derrubada do veto.

“Quando aprovamos o projeto do deputado Ricardo Vale, o Tribunal de Justiça do DF acertadamente declarou a inconstitucionalidade da lei por não cumprir a exigência de realização de audiência pública. Desta vez, com as audiências públicas realizadas, o veto foi ideológico e a Casa acerta na derrubada”, observou Veras.

Quatro deputados se posicionaram a favor do veto do governador, ou seja, pela manutenção da nomenclatura Ponte Costa e Silva. São eles os deputados Hermeto (MDB), Iolando (MDB), Robério Negreiros (PSD) e Roosevelt Vilela (PL).

“Para aqueles que não concordam com as atitudes do presidente Costa e Silva, a manutenção do nome da ponte vai servir de exemplo para que aquilo não se repita, o que não é o meu caso. A gente não pode apagar os livros de história, por isso eu voto pela manutenção do veto”, justificou Roosevelt.

Estudante da Universidade de Brasília (UnB), Honestino Guimarães foi preso em 1973, aos 26 anos de idade, por agentes do Centro de Informações da Marinha e desde então permanece desaparecido. Honestino era líder estudantil e foi importante ator na defesa de garantias individuais no Distrito Federal, se posicionando diversas vezes de forma contrária ao regime militar.

 

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