Polícia do DF prende 9 acusados de lavagem de dinheiro em Brazlândia
Os policiais civis ainda cumpriram mandados de busca e apreensão em várias localidades da região. Esta operação é um desdobramento de outra ação policial, que ocorreu em 2018
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 18ª DP, deflagrou, nas primeiras horas desta quarta-feira (20), uma operação para desarticular um grupo criminoso especializado em lavagem de dinheiro. Batizada por Operação Old West, a ação resultou na prisão temporária judicial de nove pessoas acusadas de praticar crime de lavagem de dinheiro, entre 2018 e 2023, na região de Brazlândia.
Os policiais civis ainda cumpriram mandados de busca e apreensão em várias localidades da região. Esta operação é um desdobramento de outra ação policial, que ocorreu em 2018.
Em março de 2018, a PCDF e o MPDFT deflagraram a Operação Trickster para apurar condutas de corrupção e desvio milionário de recursos do extinto Transporte Urbano do Distrito Federal – DFTrans, por meio de fraudes no sistema de bilhetagem.
Segundo a polícia, “as pessoas presas na manhã de hoje constituíram verdadeira organização criminosa (Orcrim) na cidade de Brazlândia para branquear os valores desviados do DFTrans e evitar bloqueios judiciais.”
À frente da Orcrim estava o casal de empresários de Brazlândia, alvo da Operação Trickster. O esquema de lavagem ainda contava com a atuação de dois filhos e outros dois parentes do casal. Também havia a participação de laranjas e testas de ferro, bem como de um analista do MPDFT, que recebia propina do grupo criminoso.
Conforme apurado, após a Trickster, em 2018, as empresas do casal— favorecidas pelas condutas de corrupção— foram colocadas em nome de parentes e funcionários, que serviam de laranjas e testas de ferro para dar continuidade na prestação de serviços e recebimento de valores do GDF e de prefeituras.
As investigações comprovaram que, para ocultar e dissimular os valores oriundos dos estelionatos contra a administração pública e dos contratos maculados pelas condutas de corrupção, bem como impedir bloqueios judiciais, era realizado a imediata transferência dos valores recebidos nas contas empresariais para as contas poupanças de filhos, parentes e amigos do casal investigado.
Em seguida, promoviam-se retiradas diárias de valores dessas contas poupanças para repasse às contas das empresas; tudo visando dissimular os valores sujos e evitar bloqueios judiciais.
Entre as contas utilizadas pela Orcrim, estão as de filhos que, à época da investigação, ainda em 2818, contavam com quatro e 15 anos de idade.
A Orcrim
A Orcrim era permanente, estável, hierarquizada e possuía divisão de tarefas. Atuava desde a deflagração da Operação Trickster até a presente data, baseada em Brazlândia e integrada por dez pessoas, além da atuação de pelo menos 15 laranjas.
As operações de ocultação e dissimulação da Orcrim foram praticadas em uma única agência bancária de Brazlândia e promoveram o branqueamento de R$ 31.120.783,00.
O casal preso
Os dois envolvidos presos na manhã desta quarta (20), já figuram como réus em três ações penais, todas referentes à Operação Trickster pela prática de crimes de estelionato contra a administração pública; corrupção ativa e associação criminosa.
A corrupção estatal
Entre 2017 e 2018, pela consultoria prestada durante os desvios no DFTrans, o analista do MPDFT recebeu R$ 24 mil do casal de empresários de Brazlândia.
Já no ano de 2020, por novos serviços advocatícios, o mesmo servidor recebeu R$ 10 mil, valor depositado na conta da esposa do analista.
A PCDF pediu a prisão temporária do servidor, mas a prisão foi indeferida, após parecer contrário do MPDFT.