Polícia diz que Thiago e Marcos Antônio podem ser vítimas e não mandantes de chacina da própria família – Mais Brasília
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Polícia diz que Thiago e Marcos Antônio podem ser vítimas e não mandantes de chacina da própria família

"Presos apresentam sempre versões contraditórias e tendenciosas", ressalta o delegado

Foto: Reprodução

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) disse, nesta quarta-feira (18), que Marcos Antônio Oliveira e Thiago Belchior (pai e filho) podem ser vítimas e não mandantes da chacina familiar que dizimou seis pessoas da família deles. A informação foi divulgada pelo delegado-chefe da 6ª DP, responsável pelo caso, Ricardo Viana.

“Nós não descartamos a possibilidade de que Thiago e Marcos também tenham sido executados por esses dois criminosos. Isso é apenas a versão do preso”, explicou o delegado.

Em depoimento à polícia, um dos presos acusados de participar da chacina, Horácio Carlos Ferreira Barboza, 49 anos, afirmou que Marcos Antônio e Thiago contrataram ele e outros dois comparsas (também presos) para matar as vítimas: Elizamar Silva (esposa de Thiago), os três filhos dela, Renata Belchior (esposa de Marcos e mãe de Thiago) e Gabriela Belchior (irmã de Thiago e filha de Marcos).

O caso está sendo investigado por uma força-tarefa montada pelas polícias civis de três locais; DF, Goiás e Minas Gerais. Segundo a polícia, centenas de policiais já trabalham no caso. Cerca de 50 deles estão em campo buscando as vítimas que ainda estão desaparecidas.

“Presos apresentam sempre versões contraditórias e tendenciosas”, ressalta o delegado.

Nesta quarta (18), familiares registraram o desaparecimento de mais duas pessoas da mesma família, a ex-mulher de Marcos Antônio, Cláudia, e a filha deles.

Até agora, são 10 pessoas da mesma família que estão desaparecidas.

Entenda o caso: 

A chacina macabra – feita com requintes de crueldade – inclui cativeiro para prender vítimas, crianças enforcadas, mulheres asfixiadas e corpos carbonizados. A história começou com o desaparecimento de oito pessoas da mesma família, no DF.

A primeira pessoa a desaparecer foi Elizamar da Silva, 39 anos. Ela desapareceu na noite da última quinta (12), quando deixou o salão em que é proprietária, na Asa Norte, em Brasília, em companhia dos três filhos pequenos e de uma funcionária.

A cabeleireira  deixou a funcionária em uma parada de ônibus e seguiu para a casa da sogra ao encontro do marido, Thiago Belchior. Depois das 22h da noite, a funcionária enviou mensagens à patroa, mas não obteve resposta.

Além destas quatro pessoas, também desapareceram, entre o sábado (14) e o domingo (15), mais quatro pessoas da mesma família: Thiago Gabriel Belchior (marido de Elizamar), Gabriela Belchior (cunhada de Elizamar e irmã de Thiago), Marcos Antônio Oliveira Lopes (pai de Thiago) e Renata Belchior (mãe de Thiago, esposa de Marcos e sogra de Elizamar).

Durante as investigações, a polícia prendeu três suspeitos de envolvimento com o caso: Gideon Menezes, Horácio Carlos e Fabrício Canhedo. O trio confessou os crimes e acusou Marcos Antônio e Thiago de serem os mandantes dos assassinatos; desde a emboscada de Elizamar até cárcere privado das vítimas.

Pela versão dos três, Marcos Antônio e Thiago Belchior arquitetaram um plano macabro para dizimar a própria família e ficar com o dinheiro de um empréstimo que a cabeleireira Elizamar fez para reformar o salão, no valor de R$ 100 mil; e com mais R$ 400 mil que Renata adquiriu após vender uma casa.

Ainda segundo a versão dos presos, Thiago armou uma emboscada para a esposa. O plano inicial era atrair a mulher para a casa dos sogros, localizada no Paranoá, no DF. Mas Elizamar chegou ao local em companhia dos três filhos do casal. Por isso, os quatro foram mortos asfixiados e queimados dentro do carro da cabeleireira.

Os presos ainda chegaram a afirmar à polícia de que Thiago, pai das crianças, enforcou os próprios filhos. Na sexta-feira (13), o carro de Elizamar, um Clio, foi encontrado em Cristalina, Entorno do DF, com quatro corpos carbonizados.

Já as outras duas vítimas, a esposa (Renata) e a filha de Marcos (Gabriela) teriam sido mantidas em cativeiro em Planaltina, no DF. Ainda segundo a versão dos presos, como os mandantes da chacina não conseguiram o dinheiro, levaram as duas mulheres para a região de Unaí, na BR-251, em Minas Gerais, onde possivelmente foram mortas dias depois.

Na segunda (16), a polícia do DF divulgou ter encontrado, nesta região, um carro com dois corpos carbonizados. O carro está no nome de Marcos Antônio (esposo de Renata e pai de Gabriela, acusado pelos presos de ter encomendado os assassinatos).

Mas nesta quarta (18), a versão da história mudou. E de mandantes, Marcos Antônio e Thiago, passaram à vítimas. Isto porque um terceiro suspeito, Fabrício Canhedo, 34 anos, foi preso nesta madrugada . E, depois dessa terceira prisão, os suspeitos mudaram o depoimento: disseram que sequestraram a família toda, inclusive Thiago e Marcos (até então investigados como possíveis mandantes).

Familiares de Elizamar acreditam nesta segunda hipótese contada por Fabrício e rechaçam a primeira hipótese de que Marcos Antônio e Thiago teriam encomendado os assassinatos da própria família. Asseguram ainda que a relação entre Marcos Antônio e os filhos era muito carinhosa. Igualmente desmentem a história de que Marcos teria uma amante, afirmam que ele e Renata conviviam com a mulher em forma de trisal.

“Minha tia não tinha esse dinheiro, esses R$ 400 mil de que estão falando. Ela não tinha essa casa. No final do ano, fechamos um pacote de viagens para o Ano Novo e ela não tinha R$ 180 para contribuir. Ela vendeu um terreno, no valor de R$ 60 mil, mas isso tem mais de três anos. Se procurarem as contas bancárias dela, verão que Renata não tem dinheiro. Por que a polícia não manda abrir as contas bancárias dela?”, relata um sobrinho de Renata que não quis se identificar.

E continua:

“Por que o carro de Gabriela tem marcas de bala? Se elas foram mortas asfixiadas, porque tem quatro marcas de disparos de bala no carro?  Ninguém diz isso. Gabriela era o xodó de Marcos, ele jamais iria fazer mal a própria filha. É muito fácil falar de quem não pode se defender, mas essa história está muito mal contada. Thiago tinha paixão por aqueles três filhos dele, meu primo jamais iria enforcar e matar os próprios filhos. E essa história de amante também não é real, porque toda nossa família sabia dessa outra mulher, inclusive teve uma época que Marcos e Renata e essa mulher moraram todos três juntos, conviviam juntos”.