Polícia Civil prende grupo criminoso que aplicava golpe pelo WhatsApp no DF
Segundo a PCDF, as contas correntes usadas para receber os valores desviados estavam vinculados a pessoas jurídicas
Policiais civis da 9ª Delegacia de Polícia (Lago Norte) cumprem, nesta quarta-feira (16/3), três mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária contra associação criminosa envolvida em fraudes eletrônicas por meio do WhatsApp.
Os mandados são cumpridos em residências localizadas em Samambaia. Foram ainda expedidos três mandados de sequestro de valores em contas correntes usadas pelo grupo para receber os valores e efetivar a lavagem de dinheiro.
Segundo as investigações, as contas correntes usadas para receber os valores desviados estavam vinculados a pessoas jurídicas com o fim de misturar o dinheiro ilegal com aqueles decorrentes das transações comerciais.
As apurações apontam que o grupo selecionava as vítimas por meio de pesquisas em redes sociais, buscando geralmente pessoas mais velhas e residentes nas áreas de alto poder aquisitivo do Distrito Federal.
Após a seleção, eles faziam contato por meio do WhatsApp, passavam por parentes e solicitavam depósitos, alegando urgência e problemas no próprio aplicativo bancário. As vítimas eram enganadas, pois o WhatsApp era clonado com fotos dos verdadeiros filhos.
“Com as informações obtidas nas redes sociais, os criminosos conseguiam não só fotos dos verdadeiros parentes, mas também simular de maneira fidedigna as conversas por saberem de informações de suas vidas cotidianas”, informou a PCDF.
De acordo com os investigadores, somente após o segundo ou terceiro depósito, as vítimas passavam a desconfiar, momento em que os criminosos bloqueavam a conta. A vítima do DF havia depositado R$ 10 mil, percebendo o golpe somente quando a quadrilha solicitou um terceiro depósito no valor de R$ 15 mil.
Vítimas fora do DF
Com as medidas judiciais obtidas, foi possível localizar outras vítimas fora do Distrito Federal. Entre elas uma do Mato Grosso, que caiu no mesmo golpe repassando via PIX cerca de R$ 21 mil. Os policiais pretendem a partir da análise do material apreendido na operação de hoje, localizar novas vítimas, possibilitando novas imputações criminais.
“A desfaçatez do grupo não tinha limites, um dos envolvidos no golpe chegou a procurar a Polícia Civil para registrar uma ocorrência, na qual narrou que ele mesmo teria recebido mensagens de um desconhecido solicitando depósitos e percebeu que seria um golpe. Por isso, pediu que a Polícia Civil investigasse o caso”, explica a PCDF.
A equipe de investigação não acreditou quando ficou comprovado que ele próprio estava dando
golpes da mesma espécie em terceiros. Nesta manhã, ao receber a visita da equipe policial que iria cumprir a sua prisão, perguntou sobre a sua ocorrência e se ela também estava sendo investigada.
Fraudes em aplicativos de mensagem
A 9ª DP informou que tem registrado uma “situação epidêmica de fraudes por meio de aplicativos de celular”. Cerca de 70% das ocorrências registradas diariamente possuem relação direta ou indireta com esse tipo de crime.
Sendo assim, os agentes alertam a população para que tenha atenção ao receber mensagens solicitando depósitos e nunca se apresse, antes de falar pessoalmente com o solicitante do valor. Há que se ter em mente que aplicativos de mensagens de celular e o próprio PIX são funcionalidades recentes.
“A sociedade sempre viveu sem elas até poucos anos atrás e não há nenhum depósito que não possa aguardar um pouco até que se confirme pessoalmente a veracidade com o solicitante”, declarou a PCDF.