PF ainda procura 7 por noite de vandalismo no DF e pede prisão preventiva
Os investigadores veem uma ligação direta entre o grupo responsável pelos atos de vandalismo em Brasília com o acampamento mantido pelos bolsonaristas no QG do Exército
A Polícia Federal ainda não conseguiu cumprir 7 dos 11 mandados de prisão expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra bolsonaristas suspeitos de participação na tentativa de invasão ao prédio da corporação e nos atos de vandalismo que resultaram em incêndios a carros e ônibus em Brasília, no dia 12 de dezembro.
Todos são alvos da Operação Nero, deflagrada pela PF no dia 28. Apenas quatro suspeitos foram presos no primeiro dia da ação, resultado das investigações do órgão e da Polícia Civil do Distrito Federal.
Nesta quarta (4), a PF pediu a conversão dos pedidos de prisão contra os foragidos de temporária para preventiva.
Um dos procurados é Alan Diego Rodrigues, suspeito de ter instalado uma bomba em um caminhão de combustíveis próximo ao aeroporto de Brasília na véspera do Natal.
A operação foi realizada no Distrito Federal, Pará, Tocantins, Ceará, Rio, São Paulo, Rondônia e Mato Grosso.
Em Brasília, foi presa uma pessoa identificada como Klio Hirano. Ela tem diversas postagens publicadas em acampamento em frente ao QG do Exército, onde manifestantes pediam uma intervenção das Forças Armadas para evitar a posse de Lula (PT).
No Rio, a pessoa detida foi Átila Mello. Ele foi preso no município de São Gonçalo.
O caso tramita sob sigilo e a reportagem não conseguiu localizar as defesas dos detidos.
Há suspeita de que alguns foragidos foram para acampamentos de bolsonaristas após a ordem de prisão de Moraes, o que dificultou a realização das prisões.
Os investigadores veem uma ligação direta entre o grupo responsável pelos atos de vandalismo em Brasília com o acampamento mantido pelos bolsonaristas no QG do Exército desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.
Em entrevista coletiva no dia da operação, o então diretor-geral da PF Márcio Nunes disse que “quase a totalidade” dos alvos da investigação passaram pelo QG.
Os envolvidos, segundo a Polícia Civil do DF, vão de empresários do agronegócio a pastores e cabeleireiro.
Entre os crimes investigados está o de associação criminosa para abolição do Estado democrático de Direito.
O delegado Leonardo Cardoso, da Civil, confirmou em entrevista que os suspeitos frequentavam o QG, mas disse não ter indícios, até o momento, de planejamento prévio do ataque.
“Quanto ao planejamento dos atos do dia 12, ao que se apurou até o momento não havia um planejamento prévio. O que ficou comprovado na investigação é que as pessoas que participaram daquele movimento, que acabou culminando em atos de vandalismo, eram pessoas que de, alguma forma, frequentavam o movimento que está instalado no QG”, afirmou.
Um dos foragidos, Alan Diego também é procurado por causa de sua participação na tentativa de atentado terrorista com o uso de bomba.
Ele foi apontado por George Washington de Oliveira Sousa, que confessou a participação no caso da bomba, como responsável por instalar o explosivo no caminhão próximo ao aeroporto de Brasília.
“Eu entreguei o artefato a Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento de eletricidade, não concordei com a ideia de explodir no estacionamento do aeroporto. Porém, eu soube pela TV que a polícia tinha apreendido uma bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o plano original”, disse em sua oitiva.
Por Fábio Serapião