Empresários do DF são indiciados por organização criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato

Grupo era responsável por destruir veículos e embarcações para recebimento de indenização de seguro

Uma operação da Polícia Civil finalizada nessa segunda-feira (2/8) indiciou oito pessoas investigadas pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato. Entre os investigados está um cirurgião plástico de Goiânia (GO) e cinco empresários de Brasília.

Segundo as investigações, todos eram integrantes de uma associação criminosa interestadual e atuava há pelo menos dois anos na destruição de veículos e embarcações para recebimento de indenização de seguro. Em um dos crimes, realizado em 2019, o grupo incendiou uma embarcação de 50 pés e desviou R$ 750 mil.

A PCDF chegou a solicitar para a Justiça a prisão preventiva dos envolvidos e teve o deferimento pelo Ministério Público do DF, mas a Segunda Vara Criminal de Brasília entendeu que não era necessário manter os envolvidos presos.

Embarcação destruída pelo grupo criminoso. Foto: PCDF/Divulgação

A investigação

A investigação apontou que, nos últimos dois anos, o grupo investigado forjou cinco acidentes automobilísticos para recebimento do valor do seguro. No total, foram destruídos dez veículos, dois em cada acidente. Entre os carros estão três BMW´s, uma Porsche e um Chrysler.

Na operação, a polícia identificou a forma de atuação do grupo: primeiro era feita a compra do veículo importado e de difícil comercialização, na sequência o grupo contratava o seguro com valor de indenização correspondente à Tabela Fipe. Depois, era provocado o acidente dando perda total do automóvel.

Ainda de acordo com a Civil, o condutor que contratou o seguro era responsável por assumir a culpa pela colisão para viabilizar o pagamento dos danos do outro veículo envolvido no acidente, cujo condutor também era integrante do grupo.

Assim, os envolvidos recebiam os valores do seguro, baseados na Tabela Fipe, que são superiores aos valores de aquisição dos veículos.
Os acidentes forjados ocorreram no Setor de Clubes Esportivos Sul – SCES e na rodovia DF-140, próximo ao Complexo da Papuda, sempre na madrugada. Em todos os acidentes houve choque proposital da coluna central, dano estrutural que conduz necessariamente à perda total do veículo.

Para dificultar a investigação, os registros dos acidentes eram feitos na Delegacia Eletrônica e os criminosos se revezavam na condição de condutor, segurado (contratante), terceiro envolvido recebedor da indenização.

O grupo criminoso ainda comercializou pelo menos dez fuzis 5.56, ainda não localizados pela PCDF.

Embarcações também se tornaram alvo

Inicialmente, a Polícia Civil começou a investigar o grupo com foco apenas nos veículos, mas no decorrer das operações, a corporação identificou que a organização também se utilizava de embarcações para cometer o crime.

O grupo criminoso tinha cinco empresas de fachada, onde eram registrados os bens. Em dezembro de 2019, eles incendiaram uma embarcação de 50 pés. O crime ocorreu por volta das 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).

Foto: Foto: PCDF/Divulgação
Foto: Foto: PCDF/Divulgação
Foto: Foto: PCDF/Divulgação
Foto: Foto: PCDF/Divulgação
Foto: Foto: PCDF/Divulgação
Foto: Foto: PCDF/Divulgação

Operação

Na primeira etapa da Operação Navio Fantasma, deflagrada em 28 de setembro de 2020, a Coordenação de Repressão aos Crimes Patrimoniais (DRF/Corpatria) cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na residência e empresas das pessoas que integravam a organização criminosa.

As investigações continuaram e levaram os investigadores até a oficina de um clube localizado Setor de Clubes Esportivos Sul – SCES de Brasília/DF, onde estavam os motores e as rabetas da lancha incendiada. Na época, o material foi apreendido e periciado.

Também foi periciado o casco da lancha queimada, localizado em Caldas Novas/GO. A perícia concluiu que as chamas da embarcação começaram acima da linha d´água, isto é, na parte superior do barco, diferentemente do alegado pelo cirurgião plástico, que sustentou que o fogo foi decorrente de um curto circuito no compartimento do motor.

Segundo a PCDF, após a descoberta das fraudes envolvendo as lanchas, várias empresas de seguros desistiram do mercado náutico de Brasília.

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