PCDF cumpre 40 mandados contra criminosos que dopavam vítimas com anestésico de cavalo – Mais Brasília
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PCDF cumpre 40 mandados contra criminosos que dopavam vítimas com anestésico de cavalo

Os mandados foram cumpridos em Águas-Claras, Ceilândia, Guará, Taguatinga, Vicente Pires, Recanto das Emas, Asa Sul, Paranoá, Arniqueiras, Alexânia, no GO e Teresina, no PI

Foto: PCDF/Divulgação

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (8), uma operação contra o tráfico interestadual de um de anestésico de cavalo usado para dopar vítimas. Foram cumpridos 40 mandados judiciais — duas prisões preventivas, quatro temporárias, 18 mandados de busca e apreensão e 16 ordens de bloqueio de contas bancárias e valores— contra uma associação criminosa responsável por movimentar de mais de R$ 3,5 milhões provenientes do tráfico interestadual de cetamina.

Os mandados foram cumpridos em Águas-Claras, Ceilândia, Guará, Taguatinga, Vicente Pires, Recanto das Emas, Asa Sul, Paranoá, Arniqueiras, Alexânia, no GO e Teresina, no PI.

Batizada por Operação Rota K020, a ação é comandada pela equipe da 9ª DP, e conta com o apoio das Polícias Civis dos Estados do Piauí (PCPI) e de Goiás (PCGO),

A investigação da PCDF, iniciada há seis meses, conseguiu mapear uma rota de tráfico de cetamina entre a capital Teresina, no Piauí, e o Distrito Federal, que era movimentada pelo grupo criminoso há pelo menos cinco anos.

Durante a apuração, uma carga com cerca de 180 frascos, contendo, em cada, 50ml da droga, foi interceptada. Essa foi a maior apreensão dessa substância no DF. Nas buscas, outras dezenas de frascos foram encontrados e ainda estão sendo contabilizados.

“A operação de hoje visou retirar esses falsos empresários de circulação do mercado, visto que se aproveitavam do esquema criminoso para obter lucro aqui na capital federal. É importante também alertar que a PCDF possui capacidade operacional para investigar e prender qualquer criminoso em qualquer parte do território nacional”, destaca o delegado da 9ª DP, Erick Sallum.

A rota do crime

Um dos alvos da investigação era um empresário e proprietário de uma rede de lojas de produtos agroveterinários em Teresina, no Piauí. Ele usava seus CNPJs para adquirir a substância na indústria.

O empresário administrava a empresa com a ajuda dos dois filhos, os quais também eram responsáveis pela empresa, sendo um deles veterinário e o outro exercia a função de gerente. Ambos os filhos também são investigados pela PCDF.

A empresa da família remetia a droga para o DF por meio de empresas interestaduais de ônibus que fazem esse trajeto que leva, em média, um dia e meio para o desembarque na rodoviária interestadual do Plano Piloto.

“Quando a carga chegava, um funcionário da empresa de ônibus comunicava o líder do grupo que mandava um outro comparsa pegar a encomenda, que sempre era acompanhada de nota fiscal falsa que indicava a remessa de outros produtos para ludibriar uma eventual fiscalização”, explica o delegado.

As investigações confirmaram que além do fornecedor de Teresina, o traficante possuía um substituto em Alexânia, no GO, também proprietário de loja de produtos veterinários. Quando havia dificuldade de remessas de Teresina, a solução era adquirir com o fornecedor mais próximo.

Já no DF, a droga era estocada no flat do líder, em Águas Claras, para a revenda a usuários finais e diversos outros pequenos traficantes.

Segundo o delegado, o líder do esquema criminoso já possuía extensa ficha criminal; porém não havia sido preso nos últimos dez anos por conta de arquivamentos, prescrições e extinções de punibilidade e, nesse período, motivado pela sensação de impunidade, a dinâmica delitiva se intensificou.

“Esse criminoso possuía um veículo Mercedes Benz, modelo C 180, bem como imóveis em nomes de terceiros para ocultar seu patrimônio. Também gostava de ostentar nas redes sociais, onde se apresentava em baladas e viagens ao exterior, sendo bastante conhecido pelo seu pseudônimo”, conta Sallum.

A droga – “Special K.”

A cetamina ou quetamina, vendida sob denominações comerciais como Dopalen, Cetamin, Ketalex, entre outros, é uma medicação de uso veterinário. Usada em humanos, a substância induz um estado de transe, proporcionando alívio da dor, sedação, perda de memória e efeitos psicodislépticos (alucinação).

“Essa substância causa uma série de danos à saúde, além de deixar seus usuários mais vulneráveis a perigos, devido aos apagões que ela causa. Por conta de seu efeito, a ketamina é uma das drogas utilizadas no conhecido crime do Boa noite, Cinderela, que é oferecido à vítima por conta de um coquetel manipulado por criminosos para roubar e ou estuprar as vítimas”, alerta o delegado.

De maneira geral, os traficantes desviam essa substância de lojas veterinárias especializadas e de maneira caseira, usando forno de microondas, efetuam processos de evaporação, separando o cloridrato de cetamina em pó do seu diluente. Esse pó então é vendido e ingerido de diversas formas, inclusive em misturas com outras drogas. É uma
droga geralmente utilizada em festas eletrônicas e que causa efeito parecido com o LSD.

O frasco de 50 ml da substância, segundo apurado pela PCDF, era vendido pelo traficante por cerca de R$ 300 – R$ 400 em listas de transmissão de aplicativos de mensagens instantâneas, geralmente em datas precedentes a festas eletrônicas no DF, quando a procura é intensa e causa variação no preço da droga.

Autoria e crimes cometidos

Todos os investigados foram indiciados pelos crimes de tráfico de drogas interestadual de forma continuada, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro com penas somadas que ultrapassam os 35 anos de reclusão. De acordo com a constituição, o crime de tráfico de drogas é um crime hediondo com regime de progressão de pena rigoroso e regime inicial fechado