Paciente de ginecologista preso em Anápolis relata constrangimento em consulta – Mais Brasília
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Paciente de ginecologista preso em Anápolis relata constrangimento em consulta

O ginecologista preso em Anápolis, Nicodemos Júnior, é suspeito de cometer violação sexual mediante fraude

Reprodução

Um mulher de 28 anos relatou ter sido submetida a situações de constrangimento em consulta com o médico ginecologista Nicodemos Júnior Estanislau Morais, de 41 anos, suspeito de abusar sexualmente de suas pacientes em Anápolis. A estudante diz que procurou o médico para fazer exame de HPV, mas ouviu comentários com teor sexual enquanto ele tocava as partes íntimas dela.

Leia: “Telefone não para de tocar”, diz delegada sobre denúncias contra ginecologista preso em Anápolis

Ao Mais Goiás, a mulher, que pediu para não ser identificada, conta que foi ao consultório de Nicodemos no início do ano passado na intenção de fazer o exame papanicolau. Segundo ela, o ginecologista foi extremamente educado na primeira consulta, mas seu diagnóstico causou estranheza. “Ele disse que eu não poderia fazer o exame porque eu estava com uma bactéria muito forte. Mas eu achei muito estranho, porque ele me colocou na cadeira, eu abri as pernas e ele só olhou”, disse.

A estudante relata que seguiu a orientação de Nicodemos e, juntamente com o marido, tomou a medicação receitada. Porém, na consulta de retorno, a jovem diz que o ginecologista a deitou na maca e, ao invés de coletar o material para o papanicolau, introduziu o dedo em sua vagina e começou a fazer comentários de cunho sexual.

“Ele foi com o dedo na minha vagina e perguntou ‘Você já gozou?’ e disse ‘Já’. Daí ele me perguntou se eu fazia sexo todos os dias, porque eu era ‘apertadinha’”, conta a mulher, que questionou se o exame não seria feito e ouviu do médico que ele ainda não podia coletar o material para análise. Ao final da consulta, Nicodemos ainda teria pedido o número de Whatsapp da mulher para enviar a ela “livros sobre sexo”.

Ao Mais Goiás, a estudante revela ter ficado profundamente embaraçada com a situação. “Ele foi extremamente abusivo. Eu nunca vi nada parecido, ele me deixou muito constrangida”, completou, afirmando que deve registrar uma denúncia contra o ginecologista junto à Polícia Civil na próxima sexta-feira (1).

Quase 30 mulheres já registraram denúncia contra ginecologista preso em Anápolis

Com a prisão do médico Nicodemos Júnior nesta quarta-feira (29), após denúncias de três pacientes por abuso sexual, dezenas de outras supostas vítimas dele se manifestaram. De acordo com a delegada Isabella Joy, quase 30 mulheres já procuraram a Delegacia de Polícia de Anápolis somente hoje, denunciando terem sido abusadas.

A Polícia Civil orienta as possíveis vítimas que entrem em contato pelos números fixos da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), 62 3328-2731, ou pelo Whatsapp – 62 9 8531-0086.

A reportagem do Mais Goiás tenta contato com a defesa de Nicodemos Júnior. O espaço permanece aberto.

Atualização:

Em nota, a defesa de Nicodemos Júnior declarou que ainda não teve acesso à integra do processo que corre contra o médico, mas negou que ele tenha realizado “qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual.”

Veja a nota:

“A Defesa do médico Dr. Nicodemos Júnior Estanislau Morais, informa que só teve acesso em algumas peças do inquérito policial em Delegacia, no momento da oitiva do médico, sendo que até o presente momento a defesa não teve acesso aos autos processuais na íntegra.

Até onde a defesa teve acesso ao inquérito consta somente o simples exercício profissional do médico Dr. Nicodemos, especialista em ginecologia, o médico em nenhum momento realizou qualquer tipo de procedimento médico com cunho sexual.

Importante frisar que dezenas de pacientes do Dr. Nicodemos ligaram para familiares do médico assustadas com o acontecimento e se prontificando em prestar depoimentos em favor do profissional. Em outras palavras a defesa não visualizou nenhuma irregularidade nos atendimentos do Dr. Nicodemos.

No entanto, o Dr. Nicodemos recebe com tranquilidade qualquer ato investigatório sobre sua atuação como médico ginecologista, desde que os atos sejam feitos com imparcialidade e isenção de ânimos.”

Por: Ton Paulo/ Mais Goiás