Mulheres inspiradoras: venha conferir um bate-papo com a atriz brasiliense Maria Paula
Um de seus últimos trabalhos para o cinema foi gravado recentemente no Distrito Federal, em 2022
Maria Paula Fidalgo, a Maria Paula, 53 anos, atriz que carrega no currículo os diversos trabalhos no extinto humorístico Casseta & Planeta, da TV Globo, entre 1992 a 2010; e a responsabilidade de ter sido VJ da MTV, está mais ativa do que nunca nos palcos da vida. Em 2023, a atriz voltou as telas por um canal fechado da Band, para comandar o programa A-MEI. Porém, este mês de março de 2024, o canal foi extinto.
Atualmente, Maria Paula está no SXSW em Austin, Texas, EUA, para lançar o seu primeiro livro em língua inglesa. É uma obra conjunta chamada Rise and Raise Others.
A atriz e escritora brasiliense também dedica seus dias à causas ambientais, a levar informação de qualidade sobre as questões ecológicas e climáticas aos mais diversos locais do Brasil, desde debates sobre a situação da Amazônia e suas comunidades até democratização das artes.
Nascida em Brasília, filha caçula de um advogado, a atriz diz ter puxado a veia artística da mãe. Ela começou na Globo, em 1993, apresentando um festival de rock. Nessa época, Maria Paula já estava na MTV, quando foi convidada para apresentar, ao vivo, um programa de variedades, o Radical Chic. Logo em seguida, veio o convite para integrar a equipe do programa humorístico Casseta & Planeta.
Um de seus últimos trabalhos para o cinema foi gravado recentemente no Distrito Federal, em 2022. O longa-metragem “Ecoloucos – Uma Comédia Insustentável”, produzido na capital federal, contou com a participação de diversos atores brasileiros consagrados e se propõe a mostrar, de forma divertida, a importância de práticas sustentáveis no dia a dia das pessoas.
Feminista, combativa e com uma leitura ampla sobre a democratização das artes, o Mais Brasília convidou a atriz para um bate-papo sobre política, arte e empoderamento feminino para este 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A brasiliense começou, claro, falando das artes no Distrito Federal.
“Brasília é terceira maior cidade do Brasil. Temos essa configuração com Plano Piloto e com as regiões administrativas, que eu gosto de chamar tudo de ‘A Grande Brasília’. Mas a gente precisa também trabalhar para que a cultura chegue a todos esses lugares, para que cinemas sejam abertos em todas as regiões, para que os shows aconteçam. Se por um lado a arte é, por se só, algo muito democrático; o acesso a arte precisa acaba sendo sempre uma conquista a ser uma garantida.”
Maria Paula ressalta que Brasília já está há alguns anos ‘ensaiando’ a construção de um polo de cinema.
“Algumas conquistas foram feitas, andamos uns passos para frente, uns passo pra trás.” E acrescenta que a capital federal tem muitos talentos e “merece um polo de cinema potente para que a gente possa oferecer para o Brasil e para o mundo as nossas ideias, o nosso conteúdo.”
Sobre essa democratização das artes, a atriz explica ser comum ver artistas de favela sendo reverenciados por públicos gigantescos, tanto nos palcos, quanto como nas paredes dos museus mais renomados do mundo. E que o contrário também acontece, que grandes artistas vão até onde o povo está, que autores, atores, músicos, gostam muito de ir para os lugares mais distante, para as periferias, se inspiram muito com a vida das pessoas que vivem realidade de vulnerabilidades, de exclusão.
Mãe dos jovens Maria Luísa e Felipe, frutos da antiga união da atriz com o músico João Suplicy, entre 2003 e 2010, Maria Paula explica que as novas gerações são muito mais antenadas.
Para ela, nos dias atuais, existe maior possibilidade de as meninas terem contato com movimentos feministas que estão acontecendo em lugares distantes, compreender conquistas que as mulheres e os movimentos feministas conseguem ter em diferentes locais, e isto pode servir de inspiração para que se reproduzam estes movimentos e se conquistem espaços também aqui no Brasil.
“As nossas meninas estão com a cabeça muito boa, muito atentas aos movimentos do feminismo. Acho que em 2024, mais do que nunca, o lugar da mulher é onde ela quiser.”
Acerca do Dia Internacional da Mulher, Maria Paula diz que este ano é um ano de grandes comemorações, principalmente no campo da literatura.
“A Universidade de São Paulo (USP), que é a maior universidade da América Latina, declarou no ano passado, que nos próximos 5 anos, dentro dos vestibulares da USP, só serão exigidas a leitura e o conhecimento das obras de autoras. Isso é uma grande conquista. Acho que nós mulheres, escritoras, temos muito a comemorar neste momento. Porque é assim que a gente mostra, tanto para garotos como para garotas, que a gente precisa ler as obras de autoria feminina. Quando isso se torna uma exigência para que as pessoas consigam passar em um vestibular, é o melhor estímulo.”
E finaliza mandando um recado à filha e a todas as jovens mulheres.
“Para todas as garotas que estão chegando nesse momento histórico tão favorável para a mulher, que não desista de ocupar todos os espaços a que temos direitos, vontade e talento para ocupar. Não se deixem intimidar. Nada pode ser mais importante do que uma ideia cujo tempo chegou a hora, e essa é a hora da mulher, ocupando todos os lugares. Então vamos ocupar com muita amorosidade, muita gentileza, muito talento, muita alegria, vamos ocupar os espaços.”