Mulher sofre traumatismo craniano após cair de UPA onde estava internada para tratar de dengue no DF
Depois da queda, ela foi transferida para o Hospital de Base de Brasília (HBB)
Uma mulher, Cidalva Prates Guedes, sofreu traumatismo craniano após cair da janela de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em Ceilândia, no DF.
Ela estava internada na unidade hospitalar para tratamento de um quadro agudo de dengue. O fato aconteceu na última quinta-feira (9). Depois da queda, ela foi transferida para o Hospital de Base de Brasília (HBB).
A equipe médica do HBB informou que a mulher teve “hemorragia cerebral grave sem chance de reversão”.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga o caso. Em depoimento à polícia, uma das filhas de Cidalva disse que na UPA informaram a ela “que a paciente havia tido delírios e pulado sozinha da janela aberta na sala vermelha”. Familiares ainda relataram à polícia ser impossível a paciente pular sozinha de uma janela, devido ao quadro grave de saúde em que ela estava.
Conforme boletim policial, Cidalva Prates Guedes procurou a UPA, em Ceilândia, no último dia 3, com plaquetas baixas, febre, sangramento nasal e dores abdominais. Ela tinha sido diagnosticada com dengue em um exame realizado no último dia 24, em uma UPA, em Samambaia, no DF.
Ao chegar na UPA de Ceilândia, segundo a família, o médico “examinou a paciente, prescreveu analgésicos apenas pela fala da mesma e solicitou exames laboratoriais, sendo liberada para casa após os exames detectarem plaquetas baixas”.
No dia seguinte, (4/3) ela retornou à UPA, com sintomas de dores de cabeça, febre, fraqueza. Na unidade hospitalar, Cidalva foi encaminhada à Ala Verde, local em que ficou, durante quadro dias, em uma poltrona e sem direito a acompanhante.
“Devido a evolução para pior, a médica do dia 09/03/2023 solicitou transferência da paciente para ala vermelha da UPA aproximadamente às 10h da manhã. A paciente estava assustada, confusa e foi levada de cadeiras de rodas, pois não conseguia andar devido a debilidade”, informa o boletim de ocorrência.
Ainda segundo a família, no dia 9/3, quando uma das filha de Cidalva foi à UPA buscar por informações da mãe, é que ficou sabendo que a mãe dela caiu de uma altura de aproximadamente dois metros e estava com um corte profundo na cabeça.
Ainda de acordo com o depoimento da família à polícia, a equipe médica disse “que a paciente estava bastante agitada e ficou gritando por 20 minutos antes de se jogar”; e, após o ocorrido, o médico responsável prescreveu uma medicação para Cidalva se acalmar, mas o medicamento não surtiu efeito.
“Contudo, o medicamento não fez o efeito esperado e a paciente continuou agitada e apresentando um quadro de delírio. Nesse intervalo de tempo, a paciente ficou sem supervisão médica e sem contenção”, informou a família em depoimento. O médico solicitou uma tomografia de crânio no Hospital de Base e acionou a UTI móvel.
À família, “o médico da UTI MÓVEL disse que a paciente deveria ter sido intubada imediatamente após a queda, mas não sabia explicar porque a UPA não adotou o procedimento”.
No Hospital de Base, a médica informou à família “que o quadro clínico não tem chances de melhoras, estando respirando apenas com ajuda de aparelhos”.
Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (Iges), responsável pela administração da UPA, afirmou que “a equipe prestou toda assistência à paciente, reavaliou a mesma e posteriormente a encaminhou e solicitou uma tomografia e um parecer da neurocirurgia do Hospital de Base”.
Nota, na íntegra, do IgesDF:
“O IgesDF esclarece que a paciente deu entrada na UPA da Ceilândia em 3 de março, com um quadro de dengue, foi admitida e prestada assistência para melhora do quadro da mesma. Na admissão, ela não apresentava um quadro que necessitasse uma assistência de sala vermelha e, por ter menos de 60 anos, a paciente não tinha direito ao acompanhante. No decorrer do dia, a equipe assistencial identificou uma piora do quadro e a encaminhou para sala vermelha para que a mesma fosse assistida de forma mais intensa e ampla. No momento da admissão, a paciente não apresentava um quadro que necessitasse de contenção, pois não apresentava sinais de agitação ou de violência. Dado momento em que a equipe da sala vermelha prestava assistência a outro paciente da mesma sala. a equipe ouviu o barulho e quando foi ao leito a paciente havia se jogado da janela. No mesmo momento a equipe prestou toda assistência à paciente, reavaliou a mesma e posteriormente a encaminhou e solicitou uma tomografia e um parecer da neurocirurgia do Hospital de Base.
A unidade solicita ao Complexo Regulador vaga hospitalar a todos os pacientes internados e os pacientes das alas são assistidos 24h. Tanto que ao observarem o rebaixamento levaram a paciente para sala vermelha.
A gestão da unidade e o Núcleo de Segurança do Paciente foram comunicados imediatamente e apuraram todos os fatos para que sejam adotadas as medidas necessárias para que situações semelhantes não ocorram novamente. A unidade manteve os familiares informados sobre o quadro da paciente.
O IgesDF esclarece ainda que foi prestada assistência em todo período de permanência da paciente na unidade, e reafirma que não houve omissão por parte da equipe da UPA.
A paciente segue internada no Hospital de Base, recebendo todos os cuidados necessários”