MPDFT investiga superfaturamento na contratação de leitos de UTI pelo Iges
Um dos alvos da operação é ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo
O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), com o apoio da Polícia Civil (PCDF), deflagrou, na manhã desta quarta-feira (18/8), a Operação Ethon para apurar suposta contratação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pelo Instituto de Gestão Estratégica em Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).
Ao todo, estão sendo cumpridos 61 mandados de busca e apreensão na capital federal e em mais seis estados: Amazonas, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins. Um dos alvos é o ex-secretário de Saúde do DF, Francisco Araújo, que chegou a ser preso na operação Falso Negativo, que investiga irregularidades na compra de testes para detecção de Covid-19.
No DF, a ação coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) ocorre nos hospitais de Base e no Hospital Regional de Santa Maria, unidades que são administradas pelo Iges-DF. A suspeita é que ocorreram desvios milionários em dois contratos destinados ao fornecimento de leitos, entre março e outubro de 2020.
As empresas contratadas foram a DOMED, responsável por 50 leitos no Hospital Regional de Santa Maria e a Organização Aparecidense de Terapia Intensiva (OATI), que forneceu 20 leitos ao Hospital de Base e outras 10 na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de São Sebastião.
Além do superfaturamento, as investigações do MPDFT apontaram que as empresas contratadas não forneciam insumos, medicamentos e mão de obra em quantidade e qualidade exigidos. “As ilegalidades praticadas tiveram como consequência a ocorrência de altíssimas taxas de mortalidade nos leitos de UTIs de alguns hospitais administrados pelas empresas”.
Nos demais estados, prestaram apoio no cumprimento das buscas os Grupos de Atuação Especial de Combate. Além deles, também atuou na Operação o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope/PCSP).
Outro lado
O Iges-DF informou ao Mais Brasília que “os contratos foram firmados em gestões anteriores, antes de março de 2021, quando a atual direção assumiu a instituição”.
O Instituto de Gestão informou ainda que “vem prestando todas as informações solicitadas pelos órgãos de controle interno, como o Ministério Público, o Tribunal de Contas e a Câmara Legislativa do DF”.