Miss do DF promete “centilhões” à vítimas de pastores suspeitos de usar a fé para golpes
Em conversas com "investidores", Beatriz Pastana dizia como funcionava o retorno, que seria baseado em aporte de títulos públicos e dívidas do governo
Investigada pela Polícia Civil do Distrito Federal na Operação que prendeu o pastor Osório Lopes Júnior, acusado de líder grupo que abusava da fé para golpes, a Miss Lady DF 2022, Beatriz Pastana Abdalla de Oli, prometia “centilhões” de euros a quem investisse R$ 100 em uma conta apontada por ela. A informação foi divulgada pela coluna Na Mira, do Metrópoles.
A suspeita é a administradora de um grupo no Telegram intitulado “Grupo de Ajuda David Miranda”, homem citado como “gestor” e que estaria relacionado a outros pastores presos por golpes. Em conversas com “investidores”, Beatriz dizia como funcionava o retorno, que seria baseado em aporte de títulos públicos e dívidas do governo.
Sobre os “centilhões”, o recebimento seria de porcentagens graduais, inicialmente 2% de lucro e, posteriormente, os valores cresceriam por meio de ações humanitárias feitas pelos investidores. A quantia é bilhões de vezes maior que o PIB mundial que, em 2022, foi R$ US$ 101,6 trilhões.
Logo depois das primeiras prisão no âmbito da Operação Falso Profeta, a miss gravou um áudio. “O que está surgindo de áudio de gente ameaçando, que não quer receber só 1%. Vou repetir mais uma vez, o pagador se chama David Miranda. Eu não prometo nada de pagamento, o dia e a hora. Quem estiver preocupado, pode procurar nosso jurídico. Fiquem tranquilos. A benção vai chegar.[…] Vocês vão receber logo, eu creio. Tudo está acontecendo, já sabem que, no Brasil, tudo está liberado.”
Operação Falso Profeta
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) cumpriu dois mandados de prisão no DF e 16 de busca e apreensão na região, mas também em Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, na quarta-feira (20). O alvo foi um grupo, também composto por religiosos, suspeito de usar a fé das pessoas para cometer estelionato, prometendo quantias surreais em troca de investimentos. O pastor Suposto líder do grupo, o pastor Osório era um dos alvos do mandado de prisão e foi considerado foragido. Ele só foi localizado na quinta (21).
A corporação acredita que os religiosos do DF podem ter feito mais de 50 mil vítimas pelo Brasil. Segundo a polícia, cerca de 200 pessoas fazem parte do grupo, entre elas dezenas de lideranças evangélicas intituladas pastores. Os investigados, conforme as autoridades, induziam as vítimas (fiéis que frequentavam a igreja deles, em sua maioria) a acreditarem que receberiam quantias surreais por meio de “bênção”. Para isso, eles investiam dinheiro com a promessa de recebimentos futuros – a absurda sigla “octilhão” ficou conhecida pelas promessas.
Já a Operação Falso Profeta começou há aproximadamente um ano. Esta aponta, ainda, que a existiria uma rede criminosa estruturada e hierarquizada com divisão de tarefas, liderada pelo pastor Osório Júnior. Entre os crimes citados, estão falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio de redes sociais (fraude eletrônica). As vítimas estariam em quase todas as unidades da federação, sendo um dos maiores golpes já investigados no País, de acordo com a PCDF.
Cerca de 100 policiais civis participaram dessa etapa da investigação. Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, houve bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e determinação da Justiça pela proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais.
A Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Ordem Tributária, vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DOT/Decor) teve o apoio do Departamento de Polícia Especializada e das Polícias Civis dos estados de Goiás, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Mais sobre o golpe
Os supostos golpistas, explica a PCDF, enganavam os fiéis pelas redes sociais, abusando da crença deles. Para convencer as vítimas, a maioria evangélica, a investir as economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos sociais, os investigados prometiam retorno imediato de grandes valores.
Entre os casos, a Polícia Civil divulgou a promessa de investimento de R$ 2 mil para receber 350 bilhões de centilhões de euros – sim, este valor absurdo e completamente irreal. Os suspeitos utilizavam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando serem instituições financeiras digitais (bancos falsos). Eles ainda faziam contratos com as vítimas para dar mais veracidade ao golpe, que prometia quantias inimagináveis por meio de títulos de investimento, que estariam registrados no Banco Central do Brasil (Bacen) e no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Conforme apurado pelas autoridades, foram identificadas aproximadamente 40 empresas fantasmas e de fachada, mais de 800 contas bancárias suspeitas e movimentação acima de R$ 156 milhões nos últimos cinco anos. Um suspeito de envolvimento no grupo foi preso em dezembro passado, quando utilizou um documento falso em um banco na Asa Sul, mas o grupo continuou os golpes, mesmo ele sendo o principal digital influencer da organização.
O organização criminosa, como mencionado, seria liderada pelo pastor Osório José Lopes Júnior, considerado foragido. Saiba mais AQUI.
Por Francisco Costa, do Mais Goiás