Mercado bom para peixe no Distrito Federal
Com o consumo de 45 mil toneladas por ano no DF e produção muito aquém da demanda, governo incentiva aumento da criação local com acompanhamento técnico
O Distrito Federal é, atualmente, um dos maiores consumidores de pescado do país, com cerca de 45 mil toneladas ingeridas por ano pelos brasilienses, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Porém, apenas 15% desse total – ou pouco mais de 6 mil toneladas – têm origem na capital e no Entorno, calcula a Emater-DF. Mais de 80% do que é comercializado aqui vêm de fora.
A piscicultura, no entanto, é uma atividade que tem campo para crescer no DF e se tornar uma boa opção ao pequeno e médio produtor.
A criação de peixes, como tilápia e tambaqui – desde a aquisição dos alevinos à capacitação para se tornar um criador e à assistência técnica – é oferecida pelo governo.
Essa estrutura está sendo aumentada agora por meio do projeto Alevinar, da Secretaria de Agricultura (Seagri).
Segundo o coordenador do programa de aquicultura da Emater, Adalmyr Borges, com um investimento de cerca de R$ 20 mil é possível começar a produzir peixes.
E a opção por esta atividade foi o que despertou o produtor rural Ademir Gomes, 55 anos.
Insatisfeito com o plantio e a comercialização da mandioca, ele partiu para a piscicultura há seis anos.
Produz hoje uma média de 10 toneladas de tilápia por ano em oito tanques construídos em sua chácara, na área rural de Ceilândia.
“Comercializo para pequenos mercados, açougues e outras propriedades aqui de Ceilândia. Graças a Deus, o negócio vai bem”, explica Ademir. Há alguns anos, ele procurou a secretaria e a Emater para investir na nova empreitada.
“Fiz vários cursos e, hoje, tudo que preciso o governo me dá o suporte aqui. Outro dia, tive um problema com a mortalidade dos peixes e um técnico esteve aqui para me orientar”, revela.
Incentivo à produção
A Granja Modelo Ipês, criada pela Seagri e localizada no Park Way, produz alevinos (peixe recém-saído do ovo) e distribui a criadores cadastrados. São em média 500 mil alevinos por ano, e a próxima produção será no fim de 2022.
Já os escritórios da Emater visitam a propriedade dos interessados e oferecem cursos de 40 horas para profissionalização do produtor.
“Hoje estamos investindo num ciclo completo. Capacitar os interessados, fornecer assistência especializada, orientações sobre como comercializar a produção. E também de como é feito acesso ao crédito rural”, explica o gerente de Tecnologia Agropecuária da secretaria, Ângelo Costa.
“Já treinamos muitos criadores, demos assistência, mas faltava acompanhar mais de perto a produção. Notamos que muitos não queriam sair da informalidade”, acrescenta Adalmyr Borges.
O técnico da Seagri também explica que o GDF projeta chamamentos públicos para que os piscicultores possam ter acesso a insumos e a tecnologias para auxiliar a produção.
A compra de ração em larga escala e equipamentos para melhorar a qualidade da água são alguns exemplos.
“Mas, antes, os produtores precisam se organizar em cooperativas ou associações para participar. Está faltando o setor se estruturar melhor e vamos incentivá-los a isso”, garante Ângelo.
São cerca de 580 piscicultores em atuação no DF.
Como se capacitar e investir
Entre as linhas de financiamento rural disponíveis na capital e que também atendem a quem quer criar o pescado, está o Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR), que oferece empréstimos até R$ 200 mil.
E também o Prospera, oferecido pela Secretaria de Trabalho (Setrab).
Aos produtores, é possível procurar a Seagri pelo email [email protected] ou pelo telefone 3380.3112.
Ou se cadastrar junto a um dos 14 escritórios da Emater espalhados pelo DF.