Governo Ibaneis vive alívio ao ficar com participação discreta em ato no 8/1

Palco dos ataques, DF não terá nenhum representante à frente dos microfones em cerimônia no Congresso

A falta de protagonismo do Distrito Federal na cerimônia que marcará o aniversário de um ano dos ataques golpistas de 8 de janeiro não tem gerado mágoas entre integrantes do governo de Ibaneis Rocha (MDB) —mas, sim, alívio.

Marcada para a próxima segunda-feira (8), a solenidade no Congresso Nacional terá discursos dos presidentes dos três Poderes e da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), que representará os chefes das demais unidades da federação.

Já o DF, palco dos ataques, não terá nenhum representante à frente dos microfones. De férias em Miami, nos EUA, o governador Ibaneis Rocha atualmente é representado por sua vice, Celina Leão (PP), que comparecerá ao evento como convidada e não tem fala prevista.

Interlocutores do emedebista afirmam que a viagem ao país norte-americano já havia sido planejada há mais tempo e que a ausência não seria proposital. Ponderam, por outro lado, que a participação mais discreta do Distrito Federal é benéfica para o próprio governo, chegando até mesmo a trazer alívio.

Nas palavras de um aliado do Ibaneis, seria preciso “trocar o disco” sobre o 8 de janeiro, que levou o governador a ser afastado do cargo por mais de 60 dias, e se concentrar em pautas de interesse de seu eleitorado.

Do contrário, avalia seu entorno, a gestão estaria maximizando um ato que tem ganhado contornos mais políticos que institucionais e que pode beneficiar o PT de Lula.

Integrantes do governo federal que atuam na organização da solenidade negam qualquer desconsideração em relação ao DF e lembram que seria impossível acomodar discursos de todos os governadores —daí a opção pelo nome de Fátima Bezerra para representá-los.

As credenciais de mulher, negra e nordestina pesaram para a escolha da chefe do Executivo potiguar, feita pelo cerimonial da Presidência, num cenário em que todos os demais oradores da mesa são homens.

No ano passado, Ibaneis Rocha foi afastado de suas funções por decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes horas após os ataques, sendo liberado para retornar ao cargo depois de mais de 60 dias.

O emedebista é investigado em inquérito do Ministério Público Federal que apura a conduta de autoridades responsáveis pela segurança local no dia da depredação às sedes dos três Poderes —que é, sobretudo, de responsabilidade do Governo do DF.

Em seu relatório final na CPI do 8/1, a senadora Eliziane Gama (PSD-MD) afirmou que Ibaneis “tinha pleno conhecimento do risco de atos violentos”.

A senadora incluiu o governador na lista de possíveis responsáveis pelo crime de omissão, mas sugeriu que as investigações contra ele sejam aprofundadas pelas autoridades porque a CPI não tem competência para investigar governadores.

Por Mônica Bergamo com Bianka Vieira (interina), Karina Matias e Manoella Smith 

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