GDF investiga suspeita de ataque hacker em Ceilândia
Segundo a Educação, notificações falsas no sistema atrasou distribuição de professores nas escolas
O governo do Distrito Federal (GDF) informou, nesta quinta-feira (17/2), que um erro de notificação vem sendo entendido como ataque hacker no sistema “Khronos”, usado pela Secretaria de Educação (SEE-DF) para distribuir professores pelas escolas públicas.
Segundo a Educação, o ataque afetou 55 escolas de Ceilândia, na manhã dessa quarta-feira (16/2), e foi descoberto no período da tarde. Servidores da Coordenação Regional de Ensino (CRE) da cidade fizeram um boletim de ocorrência.
“Queremos saber o que está por trás disso, se é fraude, sabotagem, com que motivação”, disse a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, que conversou com o secretário de Segurança Pública, Júlio Danilo. “Daremos prioridade total para termos uma investigação célere”, disse o gestor. “Atacar a educação pública é muito grave”. O caso será encaminhado para a Delegacia de Crimes Cibernéticos.
O ataque consistiu na invasão do sistema e na notificação de desistência de 200 dos 1.248 professores contratados como substitutos pela CRE de Ceilândia. Uma vez assinalada a desistência, o sistema cancela a designação do professor para a escola e convoca um outro que tenha passado no processo seletivo simplificado, realizado em novembro do ano passado.
Notificação
“Isso causou um imenso constrangimento, pois o diretor da escola visualiza a notificação da desistência no sistema, acha que não tem professor e alerta os alunos da turma”, explicou a subsecretária de Gestão de Pessoas da CRE de Ceilândia, Ana Paula Aguiar.
A notificação de desistência, de acordo com a SEE-DF, era fraudulenta. “Foi feita por um usuário que entrou com as senhas de duas servidoras da CRE de Ceilândia. As operações no sistema Khronos foram efetuadas entre as 9h e as 10h30. Durante esse tempo, as duas servidoras estavam participando de conferências no Google Meet, justamente atendendo professores da rede”.
O ataque foi percebido quando alguns professores procuraram a regional de ensino dizendo ter sido notificados por e-mail de que haviam desistido da vaga. Eles avisaram que não desistiram e estavam prontos para assumir as turmas para as quais haviam sido designados.
Ana Paula Aguiar explica que, quando a Unidade de Gestão de Pessoas da CRE da Ceilândia a informou da ocorrência, ela imediatamente precisou interromper o preenchimento de vagas de professor naquela regional para refazer os processos fraudados, o que causou ainda mais engarrafamento.
“Nós tínhamos vagas a preencher em Ceilândia, algumas escolas ainda sem professor, e o processo foi afetado pelo problema das notificações falsas”, relatou.
A CRE da Ceilândia comporta ao todo 97 escolas. No local, estudam pouco mais de 80 mil estudantes e lecionam 3,5 mil professores. Informações preliminares da Unidade de Gestão de Pessoas registram que o ataque afetou sobretudo escolas classe, que oferecem ensino fundamental nos anos iniciais e finais, ou seja, do primeiro ao nono ano, abrangendo crianças e jovens dos 6 aos 15 anos.