Ex-comandante da PMDF diz que não recebeu nenhum relatório de inteligência antes do 8/1
À época, o coronel Casimiro chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF
O coronel da Polícia Militar do DF, Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, negou ter recebido qualquer relatório de inteligência das forças de segurança sobre os riscos de manifestações violentas com o objetivo de tomar o poder no país. A declaração foi dada por ele em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal na tarde dessa segunda-feira (5).
À época, o coronel Casimiro chefiava o 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF.
Casimiro disse à CPI que estava de folga no dia 8 de janeiro, mas que se deslocou para a Praça dos Três Poderes quando percebeu a gravidade da situação.
“No dia da operação, eu não era comandante. O Departamento de Operações da PMDF me pediu para escalar um oficial e eu escalei verbalmente o major Flávio Alencar para comandar o evento. Eu estava em casa, relaxado, de bermuda. Estava acompanhando as notícias. Quando soube que o comandante-geral estava no terreno, me desloquei para lá também, mesmo estando de folga”, afirmou.
O coronel disse que não recebeu nenhum relatório de inteligência alertando para o que poderia acontecer.
“Não tinha informação, não tinha análise de risco, não tinha inteligência, não tinha nada. Para um cenário como esse, o efetivo empregado seria suficiente. Mas, depois do fato consumado, sabemos que o número de policiais foi insuficiente”, disse.
Questionado pelo presidente da CPI, deputado Chico Vigilante (PT), sobre o motivo de não ter sido realizada nenhuma prisão após os atos de vandalismo no centro de Brasília no dia 12 de dezembro, o coronel Casimiro disse que a determinação do comando da PMDF era para restaurar a ordem na região.
“Fazer prisões com equipamento de choque não é fácil. Quando chegamos havia muita gente correndo, não tínhamos como saber quem cometeu o crime. Poderíamos cometer abuso de autoridade ao prender um inocente. Nossa prioridade era restaurar a ordem”, respondeu.
Casimiro também revelou à CPI que a ordem para a liberação de acesso à Esplanada dos Ministérios, que se encontrava fechada antes do dia 8 de janeiro, partiu do coronel Paulo José, então subchefe do Departamento de Operações da PMDF.
“O coronel Paulo José me disse para abrir a Esplanada aos manifestantes no dia 8 de janeiro”, afirmou. A escalação de alunos do curso de formação da PMDF para atuarem no dia 8 de janeiro também foi apontada por Casimiro como uma atribuição do colega oficial. “A tratativa era do coronel Paulo José”, apontou. Casimiro também revelou que havia setores da PMDF contrariados com a sua nomeação para o comando do 1o CPR. “Havia ciúmes por eu ter assumido um comando tão importante”, disse o coronel.